07 de Setembro de 2024

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AGRONEGÓCIO Quinta-feira, 25 de Julho de 2024, 16:40 - A | A

Quinta-feira, 25 de Julho de 2024, 16h:40 - A | A

INFLUÊNCIA

Extremos climáticos aceleram agenda de descarbonização do setor de carnes

Durante encontro no interior de São Paulo, representantes dos maiores frigoríficos do país falaram da necessidade de investir em projeções meteorológicas mais geolocalizadas

globorural

Temporais que paralisaram operações em frigoríficos ou falta de água causada por secas severas têm acelerado a agenda de descarbonização nas empresas do setor de carnes. Segundo líderes do setor, estudos de capacidade de retenção de água no solo, monitoramento de pastagens e melhoramento genético para resiliência climática direcionam esforços financeiros imediatos e de longo prazo.

Apesar de não revelarem investimentos, representantes da JBS, Marfrig e Minerva concordam que há uma necessidade de projeções meteorológicas mais geolocalizadas, que permitam entender as características e desafios de determinadas áreas produtivas e de como dar eficiência às pastagens e ao bem-estar animal.

De acordo com Guilherme Moraes, gerente da MyCarbon, subsidiária da Minerva Foods, o foco da empresa é reduzir emissões de gases de efeito estufa do escopo 3, que é como se classificam as emissões originadas de operações comerciais por fontes que não são de propriedades controladas diretamente pela organização. Para ele, isso gera um esforço da empresa em acompanhar os produtores que fornecem rebanho para que possam se adaptar a sistemas de manejo, como o ILPF.

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"O confinamento cresce no Brasil como aumento de fluxo de caixa, já que remunera a cadeia. E, para trazer proposta completa de descarbonização, temos que adaptar esse tipo de sistema, além de mapear as pastagens, dado o fato de que mais de 90% das agroindústrias têm dificuldade de descarbonizar no escopo 3”, falou o representante durante o II Encontro Nacional de Mudanças Climáticas para o Setor de Energia e Agronegócio (Emsea), organizado pela Climatempo e Engie, empresa de transição energética, que acontece hoje no Parque de Inovação e Tecnologia (Pit), em São José dos Campos.
Outras apostas

No caso da Marfrig Global Foods, uma das principais apostas é o melhoramento genético para evitar os estresses térmicos do rebanho.

“A aposta em melhoria genética do rebanho e suplementação animal - para ter patamares suficientes da demanda para a população - é fundamental para se coordenar com políticas públicas que envolvam todos os setores para viabilizar mecanismos financeiros que acessem todos os tipos de produtores”, argumentou Jay Mil Homens, coordenador de pecuária sustentável da companhia.

Também no evento, o coordenador afirmou que nos últimos cinco anos o cenário se alterou muito e impactou a pecuária a ponto de complexificar o setor desde a produção até a comercialização.

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"Nossa preocupação é quando olhamos a qualidade do pasto e no ciclo de vida dos animais, dos recursos hídricos disponíveis, seja na unidades produtivas ou na produção animal, além da qualidade de vida das famílias expostas no campo. Isso tem refletido no preço da carne, dos insumos para essa indústria e em dificuldades de produção e logística nas plantas”, acrescentou.

Para ele, a atualização dos modelos produtivos, a melhora no manejo dos pastos, evoluindo para integração do sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta deve ser a solução mais rápida para o setor de carnes do Brasil avançar na agenda de descarbonização.

No caso da Marfrig, a meta é descarbonizar 32% do escopo 3 de sua cadeia até 2035.

Emissões de carbono

Atualmente, o agronegócio é responsável por 80% das emissões de carbono, mesmo que invista em tecnologias para mitigação dessa agenda para adaptação climática, como explica a advogada especializada na área ambiental e mudanças climáticas, Luciana Gil. “O agro não tem meta para comprovar a autoridade pública o que incomoda outros setores econômicos”, lembra ela.

A advogada acredita que nos próximos cinco anos a regularização brasileira para emissão de gases possa avançar, enquanto isso as ações voluntárias das empresas e dos produtores poderão impactar mais rápido na agenda da descarbonização.

Nessa estratégia, a JBS Couros olha para uma conexão mais direta entre agronegócio e transição energética. Com produtores pulverizados e sem acesso homogêneo à crédito para investir em tecnologias de mitigação de clima, há uma disparidade entre grandes fazendas e menores propriedades, conforme avalia Kim Sena, diretor de sustentabilidade da JBS Couros.

Para ele, os problemas mais complexos estão em conseguir destravar e apoiar o produtor. “Na nossa operação, estamos tentando aprender com outros países com a agenda de descarbonização. Um detalhe é o tipo de aditivo do animal no confinamento pecuário, no manejo de pastagem, como um ponto inicial”, afirmou.

Sobre isso, o Secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, disse à reportagem que o setor sucroalcooleiros e de carnes são os que mais podem impulsionar a transição energética diretamente aliada ao agronegócio, o que já está em andamento, acrescenta ele.

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