Com sua rica história e forte regionalismo, a cidade cuiabana possui diversos espaços públicos de grande valor cultural e natural, fundamentais tanto para o lazer da população quanto para o potencial turístico local. No entanto, muitos desses lugares enfrentam sérios problemas de infraestrutura, com obras inacabadas e a falta de manutenção adequada, prejudicando a experiência de quem as visitas. Áreas que poderiam ser vitrines do município, estão carentes de investimentos, apresentando sinais de abandono. Este cenário não só compromete a qualidade de vida dos moradores, mas também limita a atração de turistas, que buscam uma cidade bem estruturada e com ofertas de atividades, após a popularização ao ser palco da Copa Mundial de Futebol em 2014.
Entenda sobre a história das localidades
Parque Mãe Bonifácia: Inaugurado em dezembro de 2000, foi projetado para ser uma área de lazer e preservação ambiental em Cuiabá. Com 77 hectares e é uma das principais estruturas verdes do município. Homenageia Mãe Bonifácia, uma curandeira e escrava refugiada que ajudava quilombolas na região. O parque possui cinco trilhas para caminhadas, além de um mirante, praças, parque para as crianças, aparelhos de ginástica e espaços de convivência. A ideia foi criar um espaço que combinasse lazer, educação ambiental e atividades físicas para a população.
Parque Tia Nair: Inaugurado em 2015, na gestão do então prefeito Mauro Mendes. Construído em uma local anteriormente pouco desenvolvido, mas de condomínios nobres, ele trouxe um novo espaço de lazer para os moradores. Atraiu muito visitantes pela novidade dos pedalinhos, tirolesa, parque de diversão e mirante com pier para apreciação do lago, que conta com patos, grandes peixes e capivaras.
Parque das Águas: Inaugurado em 2016, durante a gestão de Mauro Mendes, ocupa 270 mil m2 no Centro Político e Administrativo. Oferece uma pista de corrida de 1.500 metros, ciclovia de 1.600 metros e um grande lago artificial, sendo palco frequente de atrações culturais e eventos. Graças ao show de águas iluminadas, o parque rapidamente se tornou um local popular para famílias, atividades esportivas e eventos culturais.
Museu do Morro da Caixa D'água Velha: Aberto em 2007, ocupa o espaço de um reservatório de água desativado, que data do início do século XX. Localizado no bairro do Porto, foi revitalizado para preservar a história do abastecimento hídrico em Cuiabá. O valor histórico e arquitetônico, soma-se a exposição de artistas, periodicamente, no local.
Aquário Municipal: Inaugurado em 2000, foi um projeto inovador para a cidade, localizado na Orla do Porto. O espaço foi idealizado para abrigar cerca de 50 espécies de peixes típicos do Pantanal e do Mato Grosso, promovendo a educação ambiental.
Orla do Porto: Aberta ao público em 2016 como parte de um projeto de revitalização do bairro, uma das áreas mais antigas da capital. Está localizada às margens do Rio Cuiabá, a orla foi projetada para resgatar a conexão da cidade com o rio, promovendo lazer e convivência durante o conhecido “Cuiabá 300 anos”.
Mercado do Porto: Originalmente construído em 1995, é um ponto de comércio, feira e tradição que reúne produtos típicos, como frutas, peixes e especiarias regionais. Em 2011, foi iniciado o processo de revitalização, dividido em etapas, para modernizar suas instalações. Considerado patrimônio histórico, artístico e cultural, em julho de 2023, foi entregue a primeira etapa da reforma, com 54 boxes definitivos, ao custo de R$13 milhões. A segunda fase, prevista para novembro, visa melhorar a infraestrutura geral com drenagem, novas telhas e sistemas elétricos e de água modernizados.
SESC Arsenal: Situado no bairro do Porto é um dos centros culturais mais importantes de Cuiabá. O prédio histórico, construído por ordem da família real portuguesa em 1818, serviu como Arsenal de Guerra da Província de Mato Grosso e teve papel estratégico na Guerra do Paraguai. Ao longo dos anos, foi também cadeia pública e espaço de reparos e produção de armas. Sua arquitetura neoclássica, com janelas estrategicamente projetadas para combate, reflete influências do Rio de Janeiro colonial. Em 2002, o SESC reabriu como um centro cultural, oferecendo eventos artísticos, música ao vivo, cinema e programação gastronômica. A agenda inclui atividades de terça a sábado, com opções como chopp, gastronomia de rua (Bulixo) e lazer, tornando-se uma referência de entretenimento na cidade.
Situação atual Parque Mãe Bonifácia: Enfrenta sérios problemas de infraestrutura, como a falta de sinalização nas trilhas, o que causa desorientação dos visitantes, e mau cheiro de esgoto próximo à nascente. Devido à morte de macacos, a entrada com alimentos foi proibida, visando proteger a fauna local, que inclui espécies como o sagui e outros pequenos primatas, existem preocupações com relação à segurança e à manutenção das trilhas, especialmente durante a estação das chuvas, quando erosões e alagamentos podem ocorrer. A estrutura básica, como banheiros e iluminação, também requer melhorias constantes para garantir a segurança e o conforto dos visitantes. Além disso, embora a falta de vegetação e sombreamento tenha gerado críticas. Durante o período inicial, atraiu muito visitantes pela novidade dos pedalinhos e da tirolesa, mas, com o tempo, alguns atrativos foram desativados.
Parque Tia Nair: Conhecido por alguns como "parque de cimento" por ter poucas áreas sombreadas e árvores na pista de caminhada, o Parque Tia Nair já ofereceu atrações como pedalinhos e tirolesa, que atualmente estão desativadas. As estruturas de brinquedos e o mirante mostram sinais de desgaste e abandono, com corrimãos quebrados e brinquedos antigos. A falta de sombra limita o conforto dos visitantes durante o dia, o que dificulta o uso para lazer familiar e exercícios físicos. A iluminação e a segurança são aspectos em que o parque precisa de atenção, especialmente durante a noite. A prefeitura tem realizado manutenções periódicas.
Parque das Águas: Apresenta recorrentes problemas ambientais, como o mau cheiro e a morte de peixes. A falta de iluminação e a instabilidade das barragens comprometem a segurança, tanto para visitantes quanto para a fauna residente. Incidentes envolvendo animais incluem o ataque de um jacaré a um cachorro em 2019 e atropelamentos de capivaras, que revelam o desafio de harmonizar a convivência entre espécies. O parque passou por algumas reformas de manutenção, mas a questão da qualidade da água e a mortalidade de peixes no lago são desafios contínuos. A segurança também é uma preocupação, e muito visitantes sentem falta de uma presença maior da guarda municipal e melhor iluminação.
Museu do Morro da Caixa D'água Velha: O museu ainda preserva seu valor histórico, mas enfrenta sérios problemas de manutenção e, muitas vezes, é alvo de vandalismo. A falta de segurança e de recursos para conservação impacta a experiência dos visitantes e diminui o apelo turístico do local. Além disso, o acesso ao museu é limitado, e, por vezes, ele não está aberto ao público devido à necessidade de reparos. Embora tenha tido melhorias na climatização e iluminação, ainda enfrenta falta de limpeza nos arredores e uma fonte inativa. O local preserva a história da cidade, e a ausência de manutenção afeta sua imagem como um ponto turístico.
Aquário Municipal: Atualmente, o Aquário Municipal permanece fechado para revitalização, o que já ocorre há mais de oito anos. A obra ainda não foi concluída, e a previsão de reabertura continua incerta, frustrando a população que gostaria de ver o espaço funcionando novamente. O aquário, localizado na Orla do Porto, sofre com o desgaste do tempo e falta de investimento, o que tem levado a crítica sobre o descaso com esse importante espaço educacional. "Quero que o Aquário Municipal seja uma atração de fim de ano para a população cuiabana", falou o prefeito nesta segunda-feira (11) à Rádio Cultura.
Orla do Porto: A Orla do Porto, inaugurada em 2016, já sofreu degradações estruturais significativas, como rachaduras nas calçadas, risco de desabamento e ausência de grades de proteção. A estrutura do mirante e das margens está comprometida, e o local passou a ser evitado pelas famílias. Comerciantes da região relatam prejuízos, pois, a orla deixou de atrair visitantes após os primeiros meses de inauguração. A iluminação é insuficiente em alguns trechos, e a presença de moradores em situação de rua tem gerado preocupações quanto à segurança dos visitantes. Apesar das dificuldades, a Orla ainda é um ponto de encontro para eventos culturais e de lazer, mas muitos moradores e turistas evitam a área à noite devido à falta de policiamento.
Mercado do Porto: A segunda fase ainda está em andamento, o que limita o potencial do mercado para atender ao público em sua capacidade total. Com uma variedade de produtos regionais, é um ponto tradicional de comércio, mas a finalização das obras é essencial para que ele ofereça uma experiência mais confortável e organizada para frequentadores. Durante as obras, comerciantes enfrentam desafios, como perda de mercadorias e queda no movimento, pois, estão instalados provisoriamente em tendas no estacionamento, sob alta temperatura e com corredores estreitos. Apesar de melhorias como ar-condicionado nas tendas, os feirantes relatam prejuízos devido às condições inadequadas de armazenamento e espaço. "Já entreguei a primeira etapa do Mercado do Porto e a segunda etapa vai virar um cartão-postal, tanto o Mercado do Porto como o Aquário Municipal, vamos deixar como um grande presente de Natal. Serão dois pontos turísticos. Duas áreas lindas, totalmente requalificadas. Tenho certeza que fortalecerá o mercado interno e externo", se comprometeu Emanuel Pinheiro.
SESC Arsenal: Permanece como um dos principais centros culturais, oferecendo uma vasta programação de eventos artísticos, musicais, e atividades de lazer para a população. A estrutura histórica é bem preservada, e o local é referência para atividades de cultura. No entanto, há uma demanda crescente ampliação do horário de funcionamento e do estacionamento.
