Tornou-se recorrente as queixas dos frequentadores sobre o mau cheiro e a morte de peixes no Parque das águas, mas ao visitar o local, nos deparamos com a falta de iluminação e instabilidade das barragens em alguns pontos que circulam essas pessoas, ou seja, a degradação atinge a segurança de ambas as espécies neste ciclo ambiental, pessoas e animais.
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O Parque das Águas, inaugurado em 2016 no Centro Político e Administrativo de Cuiabá, durante a gestão de Mauro Mendes, reúne pessoas diariamente para a prática de exercícios físicos e lazer. Com uma área de 270 mil m2, o Parque conta com 1.500 metros de pista de corrida e caminhada e 1.600 metros de ciclovia, segundo informações da prefeitura municipal. Além disso, o local atualmente é palco de grandes atrações culturais.
Porém, acumula em sua história alguns distúrbios envolvendo a relação humana com animais residentes. Como é o caso do cachorro que ao passear com o tutor foi atacado por um jacaré em 2019, o mais recente fato do falecimento de capivaras devido a atropelamentos ou desnutrição e peixes boiando sob o lago central.
Ao ser acionada no início deste ano pelos visitantes, em relação ao óbito de peixes e a qualidade da água, a Delegacia Especializada do Meio Ambiente - DEMA colheu amostras para investigações, mas em nota afirmou que não havia informação a ser passada até a conclusão do laudo pericial e da apuração dos fatos.
A Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb) declarou na mesma época que o problema muito provavelmente ocorreu por falta de oxigenação na água e não haviam registros de que fosse em razão de poluição.
O ano de 2024 pode ser um dos mais secos da história do Pantanal, com chuvas abaixo do esperado para o período chuvoso. Em Cuiabá, o rio registrou apenas 1,94 m no mês de abril, e a média é 3,12 m. Os dados constam no boletim de monitoramento hidrológico extraordinário divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). As informações também foram apresentadas em reunião promovida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Para o professor doutor Claumir Cesar Muniz, Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Pós Doutorado em Ecologia Aquática e Biologia Animal, o período do ano, mesmo se estivéssemos em condições normais, tem influência direta nos problemas apresentados, pois, se trata de animais que têm relação com ambiente aquático. Devido à redução de locais com disponibilidade de água, muitos animais, principalmente jacarés e capivaras acabam se aglomerando em ambientes como lagos, baías e pequenas barragens em períodos de estiagem. No local em questão, não há predadores naturais para esses animais, principalmente onças, o que leva ao aumento das suas populações. Muitas vezes não há essa preocupação, porque ter vários bichos circulando é muito atrativo para a população e turismo.
Por se tratar de um ambiente urbano e cercado por edificações, o lançamento de material orgânico pode ser um fator responsável pela mortandade de peixes, pois, isso leva a redução da quantidade de oxigênio na água. Considerando o atual período de estiagem, o nível do lago diminui, e com o aumento da temperatura ambiente, há também redução da quantidade de oxigênio. Outro fator a ser observado é a diferença entre as temperaturas máximas e mínimas em um dia comum no inverno.
“Avalio que estes fatores devem ser observados para definir, com certeza, o motivo de mortandade de peixes, podendo estes estarem agindo em conjunto” afirmou o especialista.
Em relação aos animais silvestres, então manter uma distância segura é fundamental, pois, são potenciais transmissores de algumas doenças, bem como podem atacar pessoas caso se sentirem ameaçados e causar acidentes com veículos que circulam no espaço.
“Uma opção é fazer manejo destes animais, avaliando sua estrutura populacional, retirando, se for o caso, animais em excesso. A educação é fundamental neste processo, pois, as cidades estão invadindo os espaços naturais e cada vez é mais comum observar isso nos grandes centros urbanos”, concluiu o Professor Doutor Claumir.
Questionados sobre as falhas estruturais (Limpurb) e atualizações sobre o caso do início do ano (DEMA) até o momento desta reportagem não obtivemos respostas.