Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, foi identificado pela Polícia Civil do Distrito Federal (DF) como o responsável pelas explosões ocorridas na quarta-feira, 13, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF).
Natural de Rio do Sul, Santa Catarina, Francisco, conhecido como “Tiu França”, era chaveiro e chegou a se candidatar a vereador pelo PL nas eleições de 2020, mas não obteve êxito, recebendo apenas 98 votos. Nas redes sociais, ele se destacava por divulgar teorias conspiratórias e postagens com forte viés político e religioso.
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De acordo com o filho adotivo de Francisco, Guilherme Antônio, o homem estava afastado da família devido a problemas emocionais e pessoais, especialmente relacionados à sua ex-companheira. Guilherme mencionou que Francisco havia expressado planos de viajar para o Chile, mas não forneceu mais detalhes sobre o assunto. Francisco era conhecido por divulgar teorias conspiratórias comuns na extrema-direita, como o movimento QAnon, e frequentemente fazia críticas ao governo e a instituições, incluindo o STF e figuras políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Em uma de suas postagens recentes, Francisco mencionou o dia 15 de novembro, data da Proclamação da República, sugerindo que seria uma data simbólica para o início de uma "revolução".
Antes de realizar as explosões, Francisco havia publicado diversas mensagens ameaçadoras, incluindo referências a "bombas" e "explosões", direcionadas à Polícia Federal e ao STF. Ele chegou a afirmar que a PF tinha "72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas" e usou emojis e uma linguagem simbólica para sugerir ataques. Ele também fez várias postagens em tom de ironia, afirmando não ser um “terrorista”, e compartilhou uma foto sua dentro do STF, criticando a segurança do local.
O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC), que conhecia Francisco, afirmou que o homem apresentava problemas emocionais graves, especialmente após a separação. Goetten descreveu Francisco como emocionalmente abalado e afirmou que o encontrou pela última vez em agosto deste ano, coincidindo com a época em que Francisco teria visitado o STF.
Francisco possuía bens avaliados em R$ 263 mil, conforme declarado à Justiça Eleitoral em 2020, incluindo quatro veículos e um imóvel em Rio do Sul.
As explosões ocorreram por volta das 19h30 de quarta-feira, quando Francisco estacionou seu carro próximo ao anexo da Câmara dos Deputados e detonou explosivos no local. Ele tentou se aproximar do STF, mas foi impedido por seguranças. Durante o confronto, Francisco lançou dois a três artefatos explosivos, alertando para que ninguém se aproximasse. Testemunhas relataram que ele vestia roupas semelhantes às do personagem Coringa, com um terno decorado com naipes de cartas e um chapéu branco. Ele se deitou com um explosivo próximo à cabeça e acionou o artefato, o que resultou em sua morte.
Duas explosões, em um intervalo de cerca de 20 segundos, ocorreram perto do STF. Uma pessoa morreu e a área foi isolada. Bombeiros e militares especializados em explosivos foram enviados ao local. Segundo a Polícia Civil, Francisco foi identificado como a vítima da segunda explosão, que aconteceu na Praça dos Três Poderes, após ele tentar invadir o STF. Ele havia lançado um explosivo embaixo da marquise do edifício, mostrando os artefatos que tinha preso ao corpo a um vigilante, antes de deitar-se no chão e acionar um segundo explosivo.
Relatos das testemunhas indicaram que o barulho das explosões foi muito alto e que pessoas saíram correndo em pânico. Um segurança do STF afirmou em depoimento que Francisco estava com uma mochila, de onde tirou vários artefatos, incluindo um extintor, e tentou acionar uma bomba.
O Esquadrão Anti bombas foi acionado para realizar uma varredura no local e verificar se havia mais explosivos na área, inclusive no corpo de Francisco. Durante o incidente, havia sessões plenárias em andamento na Câmara e no Senado, que foram suspensas por questões de segurança. A sessão do STF já havia terminado e os ministros e servidores foram retirados do prédio com segurança.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava no Palácio do Planalto no momento das explosões, mas a segurança do local foi reforçada com o auxílio de integrantes do Exército. O incidente gerou uma reunião entre Lula, ministros do STF, e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, no Palácio da Alvorada. A PF abriu um inquérito para investigar as explosões e encaminhou o caso para o STF, que está colaborando com as autoridades do DF.
Testemunhas também relataram que viram um homem, posteriormente identificado como Francisco, acenando com "um joinha" enquanto carregava uma sacola. Carlos Monteiro, dono de um food truck no estacionamento do Anexo IV da Câmara, relatou ter visto o carro de Francisco pegando fogo antes das explosões, e outros relatos confirmaram a sequência de eventos.
O STF emitiu uma nota informando que, após os estrondos, os ministros foram retirados do prédio em segurança, enquanto a Corte colaborava com a Polícia do DF para apurar os fatos. O secretário de Segurança do DF, Sandro Avelar, afirmou que a Esplanada dos Ministérios foi fechada e um grande efetivo policial foi enviado para a região.