No cenário brasileiro, onde desigualdade social e falta de oportunidades ainda desafiam milhares de pessoas nas comunidades periféricas, Preto Zezé — empreendedor, produtor musical, escritor e presidente global da Central Única das Favelas (CUFA) — emerge como uma voz de transformação. Ele acredita no potencial das favelas e tem trabalhado para promover o desenvolvimento e a inclusão através do empreendedorismo, defendendo que “favela é potência”. Em entrevista exclusiva, Zezé compartilha suas visões sobre a importância do empreendedorismo, a inovação e a inclusão digital para as comunidades.
Questionado sobre o papel do empreendedorismo no desenvolvimento das favelas, Preto Zezé é direto: “Enxergo como uma das variantes de mudança de vida, de possibilidade de transformação da realidade da vida econômica”. Para ele, o empreendedorismo nas favelas representa uma poderosa ferramenta para gerar oportunidades e construir uma realidade financeira mais equilibrada para seus moradores.
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Preto Zezé também abordou os desafios enfrentados pelos empreendedores periféricos, desde a escassez de recursos até a dificuldade em criar conexões com o mercado. Para Zezé, a CUFA exerce um papel crucial, atuando como “um centro de formação de lideranças, de agendas positivas, de diálogo entre a favela e o asfalto”. Esse trabalho, segundo ele, é essencial para reduzir o abismo social e oferecer melhores condições de vida.
Para ele, inovação deve significar benefícios tangíveis para os moradores das favelas: “As pessoas que estão trabalhando e produzindo riqueza não estão vendo retorno nenhum. É difícil”. Reforça ainda a importância de um modelo econômico inclusivo, onde todos participem dos frutos da produção. Zezé destaca que “a tecnologia é fundamental para a inclusão digital. Sem inclusão digital, não é possível caminhar”. A pandemia deixou claro a relevância da tecnologia, evidenciando que sem acesso digital, os moradores de periferias perdem oportunidades.
Empresas que ignoram as favelas perdem oportunidades, argumenta Zezé, observando que os moradores consomem produtos de alto valor, desde automóveis a passagens aéreas. “Se você não tiver relação boa com esse território, você vai perder para outra empresa que tem”, alerta.
Com relação à Expo Favela Nacional 2024, Preto Zezé acredita que o evento será uma oportunidade de ouro para apresentar ao Brasil a força dos empreendedores periféricos fora do eixo Rio-São Paulo: “A Expo Favela está mostrando que o Brasil é mais Brasil fora desses eixos”. Ele destaca o talento e a inovação presentes em estados como Mato Grosso e Amapá, onde tecnologias sofisticadas são desenvolvidas sem o reconhecimento devido.
Para Zezé, o apoio do poder público é vital a fim de sustentar esses empreendimentos: “Se eu sou governador ou prefeito, eu pegava ali a minha Secretaria de Desenvolvimento Econômico, os meus fundos de investimentos, e aplicava nesses 10 empreendedores já agora. Quem sabe não está aí as 10 soluções mais revolucionárias que podem mudar o Mato Grosso, o Brasil e o mundo”.
O próximo passo, revela Preto Zezé, é a internacionalização da CUFA em 100 países e a transformação de iniciativas de trabalho comunitário em empresas. “Favela é potência” não é apenas um lema, mas uma missão”. Preto Zezé e a CUFA continuam a abrir caminhos para que a criatividade e o talento nas favelas se tornem forças visíveis e ativas no desenvolvimento econômico e social do Brasil e, quem sabe, do mundo.