A Câmara Municipal de Cuiabá realizou, nesta segunda-feira (10), de uma audiência pública que escancarou a insuficiência de recursos destinados a políticas para mulheres na capital. A iniciativa da vereadora Maysa Leão (Republicanos), reuniu representantes da segurança pública, da sociedade civil e lideranças políticas para cobrar um orçamento municipal que priorize áreas essenciais como saúde, segurança e educação.
“A luta das mulheres por direitos e oportunidades iguais passa, necessariamente, pelo orçamento público. Precisamos garantir que os recursos cheguem a quem mais precisa, fortalecendo políticas de enfrentamento à violência, atendimento à saúde e outras demandas urgentes”, destacou a vereadora Maysa Leão.
O deputado estadual Carlos Avalone (PSDB) enfatizou que a pauta da equidade de gênero precisa do compromisso de toda a sociedade. “Essa não é uma luta só das mulheres. Precisamos garantir que as políticas públicas contemplem suas necessidades, e isso só será possível com um orçamento inclusivo e bem planejado”, afirmou.
A presidente da Comissão das Mulheres da Câmara, Maria Avalone, reforçou que as mulheres precisam se enxergar nas prioridades do orçamento municipal. “Sem orçamento específico, continuamos invisíveis dentro das políticas públicas”, pontuou.
A coordenadora do Movimento Conecta, Maria Fernanda Figueiredo, criticou a ausência de um serviço público de saúde mental especializado para meninas e mulheres vítimas de violência doméstica e estupro. “Hoje, a organização Lírios, em Várzea Grande, atende muitas vítimas de Cuiabá porque a capital não oferece esse suporte. Isso é inaceitável”, denunciou.
A realidade da falta de estrutura também foi evidenciada no relato da educadora física Débora Sanders, que expôs a revitimização ao buscar ajuda. “Eu entrei na delegacia às 19h e, às 4h da manhã, ainda estava sendo direcionada para o exame de corpo de delito, que foi extremamente difícil. Fui tratada com desprezo pelo médico que me atendeu”, relatou.
A deputada federal Gisela Simona reforçou a necessidade de uma articulação mais ampla para garantir mudanças concretas. “O fortalecimento das políticas públicas para as mulheres precisa ser prioridade nacional. Em Brasília, temos trabalhado para que os orçamentos estaduais e municipais contemplem as necessidades das mulheres, e essa audiência é um passo fundamental para que Cuiabá avance nessa pauta”, disse.
A secretária Municipal da Mulher, Tenente Coronel Hadassah Suzannah, ressaltou que sem orçamento adequado, políticas públicas não saem do papel. “A presença de mais mulheres em espaços de decisão é um avanço, mas precisamos transformar essa representatividade em recursos concretos para a população feminina”, afirmou.
A defensora pública Rosana Leite alertou para a urgência de um plano municipal voltado às mulheres. “Precisamos de estratégias claras e investimentos direcionados para que as políticas saiam do papel e se tornem realidade na vida das mulheres cuiabanas”, enfatizou.
Encerrando a audiência, Maysa Leão cobrou ações concretas e urgentes. “Não adianta apenas discutir: precisamos de um orçamento sério, estruturado e transparente. Só assim conseguiremos garantir serviços públicos eficazes e políticas que promovam equidade e proteção para as mulheres cuiabanas”, finalizou.
