02 de Janeiro de 2025

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ESPORTE Quinta-feira, 24 de Outubro de 2024, 16:50 - A | A

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SUPERAÇÃO

Judoca faz rifa de celular ganho nas Olimpíadas para ajudar mãe, que perdeu a casa nas enchentes do Sul

Rochele Nunes, judoca olímpica brasileira naturalizada portuguesa, quer arrecadar R$ 50 mil para a mãe, uma das milhares de vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio

GE Esporte

Quase seis meses depois da tragédia climática que deixou milhares de vítimas no Rio Grande do Sul, muitas famílias ainda tentam retomar a vida como ela era antes das enchentes de maio. Uma dessas sobreviventes é Rosângela Jesus, de 62 anos. Ela é mãe da judoca olímpica Rochele Nunes, brasileira que defendeu Portugal nos Jogos de Tóquio 2020 e Paris 2024. 

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Para ajudar a mãe que perdeu a casa em Canoas, Rochele decidiu fazer uma rifa com o aparelho celular que ganhou de um dos patrocinadores nas Olimpíadas, em agosto. A judoca pretende arrecadar R$ 50 mil com os 5 mil números que vai disponibilizar em sorteio que acontece dia 2 de dezembro.

- Eu já queria ter feito antes, mas estava a espera do que ia ser feito pelos órgãos públicos para a minha mãe. Quando ela perdeu a casa na enchente, eu não mobilizei nada por estava preocupada que ela estivesse bem e em segurança. E eu também tinha os Jogos Olímpicos - lembra Rochele ao ge

A judoca Rochele Nunes ao lado da mãe Rosângela Jesus durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024 — Foto: Arquivo pessoal

A mãe de Rochele vivia sozinha na casa em que criou os filhos e morava há 33 anos. A casa tinha sido quitada 6 meses antes. Agora ela vai morar em um apartamento, em Canoas, cidade vizinha a Porto Alegre.

- Ela primeiro ficou na casa do meu pai, depois na casa de uma amiga e, depois, ficou aqui na minha casa em Portugal durante três meses. Agora a gente conseguiu achar um lugar para ela alugar, fizemos uma pequena reforma, mas faltou verba para mobiliar a casa nova. Então tinha sugerido para ela que ia rifar o telefone dos Jogos Olímpicos. Acho justo e as pessoas podem participar, ajudá-la. Confiei - completa a judoca.

O drama das enchentes no Rio Grande do Sul não foi o único vivido pela judoca no primeiro semestre. Logo depois de ser eliminada das Olimpíadas de Paris, Rochele Nunes protagonizou um momento emocionante, após a derrota nas oitavas de final para a bósnia Larisa Ceric.

- Eu nem sabia se ia ter condições de estar aqui. Há seis meses eu perdi meu irmão de sete anos e foi muito difícil de ser forte. Pela primeira vez na vida eu pensei em desistir. Foi muito difícil. Se eu estou aqui é porque a minha família me apoiou. Não existe dor maior. Eu ter perdido ele há seis meses e depois minha mãe ter perdido a casa na enchente. Foi muito difícil eu estar aqui mentalmente. Eu me preparei muito mesmo, foi muito sofrido. Estou orgulhosa do meu percurso. É por isso que eu não desisti, eu desmaiei porque não iria entregar de mão beijada. Dói demais, mas eu vou superar - disse Rochele à TV Globo em 2 de agosto.

Rochele Nunes, de Portugal, no Grand Slam de Brasília de judô — Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Ela luta na mesma categoria peso pesado em que a brasileira Bia Souza foi campeã olímpica em Paris. Rochele foi derrota por estrangulamento e chegou a desmaiar no tatame. A imagem da lutadora com dificuldades de se levantar e sair assustou quem assistia, mas ela se recuperou.

Rochele Nunes nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul e tem 35 anos. Ela defendeu o Brasil até 2018, quando se naturalizou portuguesa e passou a representar o país europeu. Ela tem no currículo uma prata no Pan-Americano de judô de 2015, em Edmonton, no Canadá. A judoca já retomou os treinamentos visando a disputa dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028.

 

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