Em meio às negociações para a formação da nova mesa diretora da Câmara de Cuiabá, a vereadora Maysa Leão (Republicanos) compartilhou em entrevista suas impressões sobre a possibilidade de uma mulher assumir a presidência. Ela abordou a importância de ampliar o leque de candidatas femininas e destacou o impacto simbólico e prático que uma mesa presidida por mulheres teria para a cidade.
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Segundo Maysa, o prefeito eleito, Abilio indicou primeiramente a vereadora Paula Kalil (PL) como favorita para a presidência, mas logo abriu o debate para outros nomes, mencionando que ficaria satisfeito com a escolha de outras vereadoras, como Maysa e Michelly Alencar (UNIÃO). “Acho importante que ele tenha se posicionado a favor de uma presidência feminina, pois, isso representa um avanço no reconhecimento da capacidade das mulheres em liderar a Câmara”, afirmou. Para ela, essa ampliação de opções pode testar a disposição dos vereadores homens em apoiar uma mulher na frente da casa.
Mesa 100% feminina e o desafio da representatividade
Maysa observou que a possibilidade de uma mesa diretora composta exclusivamente por mulheres tem gerado debates, enquanto o mesmo nunca ocorreu em relação às mesas inteiramente masculinas, prática até então comum. Ela criticou a ausência feminina nas formações anteriores e defendeu que o momento é oportuno para romper com essa tradição. "Tínhamos mulheres na casa que nem sequer foram cotadas para sentar a essa mesa. Como vereadora e defensora do espaço das mulheres na política, acredito que é a hora de termos uma mesa dirigida por elas", declarou ao concluir que é cedo para cravar um nome.
Sobre o desconforto por parte desses defensores da possibilidade, viria do fato de que fosse nomeado alguém antes do grupo reunir uma presidente, “sabemos que o prefeito falou primeiramente do nome da vereadora Paula e houve um grande desconforto, primeiro, de ser determinado um nome, porque o debate tem que ser entre os vereadores. E segundo, de não haver opção, de já pré-determinar quem seria a presidente, quem seriam os cargos”.
Ressaltou a importância do momento para os apoiadores sentarem e analisarem a escola dos 5 lugares, se de fato o incômodo foi gerado pela pré-determinação, ou por ser uma mulher. “Precisamos ser realistas. Vivemos em uma sociedade machista, que nunca estranhou uma mesa de 100% de homens. Tirando só a questão do gênero, o quesito falta de experiência da primeira vez não impede de ter o comando da casa”.
Apesar de se mostrar favorável à renovação, Maysa ponderou que é essencial que essa decisão seja feita em consenso, sem imposições. "Meu desejo pessoal porque acredito ser simbólico, uma mesa diretora composta por mulheres, mas isso deve acontecer apenas se todos concordarem. Não queremos impor; queremos uma escolha democrática", enfatizou.
Independência da Câmara e transparência nos processos
Entre as pautas defendidas pela vereadora para a nova presidência, destaca-se a busca por uma Câmara Municipal independente. Ela criticou a dependência do legislativo em relação ao Executivo, problema que, segundo ela, prevaleceu durante o mandato do prefeito Emanuel Pinheiro. "Precisamos de uma mesa independente, que respeite as leis e aja conforme o regimento interno da casa".
Maysa sublinhou ainda a importância de rever o regimento da Câmara, permitindo que decisões sejam tomadas pelos próprios vereadores sem a necessidade de intervenção judicial. “Precisamos de uma diretoria com poder descentralizado, onde o presidente não tome decisões, sozinho”, afirmou, mencionando a necessidade de revisar a regulamentação de questões éticas e processuais, como no caso do vereador Paulo Henrique, que atualmente responde a um processo criminal.
Interferências externas e protagonismo dos vereadores
Maysa reconheceu que é natural que o prefeito busque participar do processo de escolha da mesa diretora, mas ressaltou que essa interferência não deve ser determinante. "É comum que o prefeito tente influenciar, mas quem deve decidir são os vereadores,". Ela avaliou que o prefeito Abilio pode ter se precipitado ao indicar um nome logo de início, mas acredita que, com o apoio das vereadoras, o processo democrático será respeitado.
Também comentou sobre os rumores de possível interferência de facções criminosas na eleição, feitas em declarações recentes por Abilio, afirmou que é uma questão grave e que qualquer indício deve ser encaminhado ao Ministério Público para investigação. “Isso é muito perigoso, deixar a sociedade no estado de alerta e de vulnerabilidade, o dia que eu disser preciso ter a responsabilidade de levar isso ao Ministério Público. Precisa ser formalizado em denúncia, posso dizer com propriedade. O resto é caso de polícia’.
Em relação ao caso de Paulo Henrique, quando ao ser preso, a Câmara não teve no regimento a possibilidade de afastá-lo, “está indiciado, foi preso, hoje está com tornozeleira, ele responde a um crime”. Acredita que ele deveria ter sido cassado e o regimento interno revisto, já que a sociedade espera da casa.
A vereadora concluiu destacando a importância de uma mesa que represente não apenas o ideal de independência, mas também o compromisso com a transparência e a moralização das atividades legislativas. “Isso foi pauta durante todos os mandatos do prefeito Manoel Pinheiro, porque se falava muito em puxadinho do prefeito. Não tem como você ser base ou oposição de algo que nem começou, mas que seja uma mesa de independência”.