18 de Setembro de 2024

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CIDADES Segunda-feira, 12 de Agosto de 2024, 16:16 - A | A

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600 LOJISTAS AFETADOS

Irresponsabilidade e falta de gestão pode ter contribuído com destruição do Shopping Popular

Maykon Milas da Redação

O incêndio que atingiu o Shopping Popular de Cuiabá  consumindo toda a estrutura do local em apenas 30 minutos e deixou cerca de 600 lojistas sem seus negócios e sem renda, gerou comoção entre os comerciantes e a comunidade cuiabana, unindo  figuras políticas e instituições governamentais que vêm empenhando esforços para amenizar a situação dos comerciantes.

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Porém, o incêndio também trouxe à luz a má gestão por parte da Associação do Shopping Popular, que tem à frente o ex-vereador Misael Galvão. O local não tinha seguro coletivo, assim como boa parte dos 600 lojistas não possuía a proteção financeira individual.

“Não tem seguro. A Associação [dos Camelôs do Shopping Popular] buscou várias seguradoras, mas pelo tamanho do projeto, por quantidade de lojas, não obtive nenhuma resposta nessa questão”, tentou justificar Misael,  após ser questionado sobre supostas informações de que faltava documentos de regulamentação do shopping e que, por conta disso, o seguro não foi feito. 

Outro ponto levantado, inclusive pelo governador Mauro Mendes, foi o sistema falho de prevenção de incêndio do local. Em entrevista à imprensa após o incidente, ele destacou a ausência de sprinklers, dispositivos essenciais para o combate a incêndios, no local. “O prédio, quem construiu e alugava, não tomou algumas providências que deveriam ser tomadas. Já existia a determinação de colocar sprinkler ali e não foi atendido. Precisamos tratar isso com um pouco mais de cautela”, afirmou o governador.

Misael agora busca recursos para reerguer o Shopping Popular, porém, de antemão tanto o Governo do Estado quanto a Prefeitura de Cuiabá já avisaram que buscarão auxiliar os lojistas, com linha de crédito emergencial, mas não na reconstrução do local.

O governador lembrou que  o Shopping Popular desenvolve um negócio comercial e privado, o que contraria os interesses do Estado caso auxiliasse na reconstrução do centro comercial.

"Todo mundo sabe que aquilo ali é uma atividade empresarial privada. Alguém alugava aquilo, ganhava dinheiro com aquilo, arrendou aquele estacionamento e também estava ganhando dinheiro. Então, não pode o Poder Público ir lá agora e socorrer quem, no exercício da profissão, ganhava dinheiro. Temos que atender o clamor social. Agora, não podemos sair tomando decisões e torrando dinheiro público desnecessariamente. O prédio, quem construiu e quem alugava, não tomou algumas providências que deveriam ser tomadas", disse.

Já o prefeito Emanuel Pinheiro disse que o município não tem condições de arcar com os recursos para a reconstrução do Shopping Popular. Por isso, conta com a ajuda do Governo Federal para realizar a obra que deve ficar em R$ 70 milhões.

O que também causou estranheza quando do incêndio do Shopping foi o fato do presidente Misael Galvão afirmar que não havia nenhum dinheiro em caixa oriundo do condomínio pago pelos associados. O custo condominial para um lojista do Shopping Popular de Cuiabá é de R$ 1.520.  Ele informou que o valor arrecadado mensalmente para manutenção do centro comercial, na ordem dos R$ 900 mil, seria totalmente empregado nos custos do espaço, conforme acordado em assembleia geral dos comerciantes.

“O recurso que o shopping popular tem é aquilo que é organizado em assembleia geral, que é o orçamento do ano, que é pago pelo associado através do condomínio. Qualquer obra que está prevista, que está contratada seria feita (sic) através das novas taxas de adesão, conforme foi aprovada em assembleia geral. Então, nós não temos nenhum recurso disponível para isso”, disse, durante entrevistas à imprensa.

Galvão ainda acrescentou que todo o valor arrecadado com o condomínio é gasto com o alto consumo, em suas palavras, do shopping. “A Associação não tem fim lucrativo e ela participa de uma assembleia geral. E o consumo do Shopping Popular não é um consumo barato. Água, luz, funcionário, segurança, manutenção, limpeza geral, e é tudo orçado dentro de uma assembleia geral e contabilizado”, esclareceu.

RECOMEÇANDO OS NEGÓCIOS NAS CALÇADAS

Enquanto aguardam uma definição de onde serão realocados, os comerciantes do Shopping Popular recomeçaram as vendas pelas calçadas, com mesas e estruturas improvisadas nas imediações do centro comercial.

Após a tragédia, a Prefeitura de Cuiabá chegou a propor que os lojistas ocupassem o campo e a pista de corrida do Complexo Dom Aquino. Entretanto, o Ministério Público se posicionou contra, alegando que o local é de utilidade pública e não atende aos fins e interesse da coletividade, e recomendou lojistas sejam alocados no estacionamento do shopping, que é uma área pública municipal.

Diante do impasse, alguns comerciantes também estão negociando para se instalarem no Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veiga de Sá, conhecido popularmente como Rodoviária de Cuiabá. De acordo com o coordenador da rodoviária, Selmo Oliveira, como o espaço está em processo de reforma com ampliação da área comercial, foi aberto espaço para negociação com alguns empreendedores do Shopping Popular.

Por enquanto, os lojistas seguem sem resposta sobre quando e onde irão se restabelecer até a reconstrução do espaço. Já quanto à linha de crédito, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, afirmou que a agência do governo, Desenvolve MT, finaliza a análise dos perfis dos lojistas do Shopping Popular.

"A linha de crédito ainda não está definida. Vai depender da condição de cada lojista. Mas vamos oferecer uma linha com uma carência e juros justos para que eles possam realmente retomar suas atividades", garantiu.

O secretário explicou que a Desenvolve MT analisa os cadastros enviados pela Associação dos Camelôs do Shopping Popular de Cuiabá. Os dados são cruzados com informações da Junta Comercial do Estado (Jucemat) e as condições financeiras dos lojistas junto com o Serasa e outras instituições financeiras, para verificar a capacidade de pagamento delas, como se já são inadimplentes em outras dívidas. Segundo César, os empréstimos da Desenvolve MT só serão oferecidos a quem tem condições de ser tomador do crédito, ou seja, capaz de honrar com o
pagamento.

Já o prefeito cuiabano Emanuel Pinheiro anunciou a criação de uma linha de crédito adicional exclusiva no valor de R$ 10 milhões de reais para auxiliar na retomada das atividades dos lojistas do Shopping Popular. Chamado de "crédito popular", a medida oferecerá suporte financeiro de até R$25 mil aos aproximadamente 600 permissionários do centro comercial destruído pelo fogo. 

Importante destacar que a concessão dos créditos ocorrerá com base em análises individuais dos interessados. As exigências são possuir cadastro na modalidade de Microempreendedor Individual (MEI) e ser credenciado na Associação dos Camelôs do Shopping Popular.

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