18 de Setembro de 2024

18 de Setembro de 2024

POLÍTICA Terça-feira, 17 de Setembro de 2024, 16:00 - A | A

Terça-feira, 17 de Setembro de 2024, 16h:00 - A | A

DIREITOS BÁSICOS

"O que é abaixo da terra ninguém vê, não dá voto, as pessoas ficam preocupadas com um viaduto que leva do nada a lugar nenhum", declara Robertinho Fernandes

Enfrentando a obsolescência dos contratos de concessão e a falta de regulação, candidato propõe modernização do saneamento básico em Cuiabá, além de gerenciamento de áreas ocupadas e integração de projetos sociais para dependentes químicos

Yasmin Yegros | Redação

Robertinho Fernandes, de 54 anos, ganhou o nome na década de noventa pelo então prefeito de Cuiabá, Roberto França. O nome original, Cley Roberto, foi alterado devido à dificuldade do cuiabano em pronunciar o “R” em “crey”, ao corrigi-lo, França sugeriu que ele passasse a se chamar Robertinho, e o apelido carinhoso pegou, o que deixou Fernandes muito feliz com a homenagem. Natural de Jataí (GO), está concorrendo ao cargo de vereador pela segunda vez. Como suplente na capital, obteve 1.629 votos na eleição passada, 2020, resultado, segundo ele, do apoio de amigos engajados na campanha de custo baixo e do trabalho voluntário realizado há mais de 25 anos na capital e em Mato Grosso, através de um grupo espírita. Decidiu se candidatar após reunir companheiros, o que considera essencial para representar um grupo e não apenas a si mesmo.  

Quer ficar bem informado em tempo real? Entre no nosso grupo e receba todas as noticias (ACESSE AQUI).

Atualmente, Robertinho é diretor da Águas Cuiabá. Ingressou na SANEMAT em 1993 como motorista e, devido à oportunidade de estudo, dedicação e comprometimento, subiu na hierarquia. Trabalhou por 19 anos na empresa e na Sanecap, na Secretaria Especial do Saneamento e em agências do Serviço Saneamento, que se tornaram privadas em 2012, passou a ser gerente comercial e depois diretor. Em 2020, deixou o cargo para se candidatar e se tornou diretor do sindicato de saneamento do estado, onde representa toda a categoria.  

Sua primeira disputa foi pelo Partido Verde, motivado pela ligação com o meio ambiente e o saneamento, principais bandeiras do candidato. Contudo, com o tempo e mudanças na federação, não se sentiu mais confortável filiado ao PV, então decidiu migrar para outro que seguisse suas ideologias, escolheu o Republicanos, de centro-direita, além de contar com o governador Otaviano Pivetta e Mauro Mendes, “fazendo uma grande administração ao nível nacional”.  

Sobre o sistema atual de saneamento básico de Cuiabá, comenta que "existe um contrato de concessão de serviço para uma terceirizada, que regula todo o serviço, a Arsec, no entanto, a Câmara precisa cumprir um papel de fiscalização do contrato, feito em 2012, que precisa de adequações, não pode ficar estático, arcaico". Ele destaca que há 74 áreas de ocupação irregulares na cidade que "bebe água, porque se vive sem energia, mas não sem água, ainda mais no calor cuiabano, se essas pessoas bebem água, quem paga? O resto da população, a empresa tem a perda, a sociedade tem um custo, que implica na tarifa aumentada". Defende também, que a regulamentação do saneamento habitacional seja revisada, "estão desperdiçando, água não é um bem infinito, então precisa estar regulamentado a questão, ver o que fazer com essas áreas, se vai ser legalizado, se a prefeitura junto a empresa vai absorver esse custo, não pode ser terceirizado, alguém tem que arcar", reitera a importância do papel vigilante do legislativo.  

Expressa frustração com a politicagem, especialmente no saneamento, que considera invisível para a maioria das pessoas, "é abaixo da terra, ninguém vê, e quando não vê não dá votos, a população está preocupada com aquilo que consegue enxergar, um viaduto que leva do nada a lugar nenhum. Mas, estou entrando na política não para as pessoas verem o que farei, mas sentir, no bolso, na vivência, organização, fiscalização, aquilo que será entregue”.  

Alega que a política está muito poluída por interesses pessoais em troca dos coletivos, por isso a população deve se engajar mais e acompanhar os políticos eleitos para garantir que cumpram suas promessas. Sobre o cenário cuiabano, entende que sempre há o que melhorar na entrega, "dizia um grande piloto de Fórmula 1, quando perguntaram qual era o limite dele, ele disse, toda vez que chego no meu limite, descubro que posso avançar um pouco mais", para sair da estagnação e renovar o parlamento, "é mais do mesmo, precisamos oxigenar, não se pode ter uma câmara como a Federal, com deputados a quarenta anos, tem que mudar, os eleitores devem buscar hoje a reforma, olhar nas redes sociais quem está pleiteando, qual o currículo, objetivo dentro da política, trocar por outro com propostas diferentes".  

Julga que vivemos uma redoma de mentiras, onde candidatos a vereador prometem construir praça, asfalto, casa, algo que é função do executivo, "o papel do legislativo que exerce o mandato é fiscalizar, orientar, sugerir, indicar e falar aquilo que está errado, o eleitor tem que rever em quem vai votar do dia 6 de outubro".  

Sobre as propostas, para além do saneamento básico e questões ambientais, menciona a necessidade de valorização dos funcionários tanto públicos quanto terceirizados, lembrando a greve dos catadores de lixo, "são abandonados, porque ninguém cuida dos garis, então se deve pelo menos buscar um norte, principalmente quando prestam serviços públicos, ficam meses sem receber salário, é fácil criticar o funcionário que não trabalhou, mas o pagamento não caiu no dia certo, os encargos, muitos estão na justiça para tentar receber FGTS, então é um dos papéis sociais do vereador estar atento".  

Através da experiência no trabalho voluntário, ressalta a importância e o impacto dessa atividade em sua visão de mundo. "Faço trabalho junto com uma grande equipe de voluntariado, fui coordenador em Cuiabá por muito tempo, acredito que você aprende muito a lidar com a dor alheia e passa a ter um olhar diferente, não apenas profissional, mas de ser humano", cita, exemplos de realizações em várias regiões da metrópole, como no Pedra 90, Cinturão Verde, Novo Paraíso e Barreiro Branco, onde está envolvido com o Centro de Recuperação de Dependentes Químicos e Alcoólatras. "Hoje as pessoas criticam muito áreas como Morro da Luz e outras localidades, por apresentarem muitos dependentes, mas eles são seres humanos que precisam de um cuidado especial por parte do Poder Público", sugeriu que o parlamento, tanto municipal quanto estadual, poderiam direcionar emendas para instituições filantrópicas que realizem trabalhos de recuperação. "Essas instituições, os terceiros setores, estão trabalhando com pouco apoio e sem amparo", destacou.  

Menciona as dificuldades enfrentadas por religiões que trabalham na recuperação de dependentes, devido à laicidade do país, que impede que esses projetos recebam financiamento público. "Tem que se criar uma maneira de apoiar essas obras sociais e serviços, oferecendo não apenas alojamento, mas tratamento completo com psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e oportunidades para o mercado de trabalho". Sobre sua proposta de programa, o "Nova Chance", que pretende implantar na prefeitura, visa oferecer oportunidades de emprego para pessoas em recuperação, envolvendo a Secretaria de Obras, Limpurb e empresas que prestam serviços municipais. Não basta apenas tirar a pessoa do centro da cidade e colocá-la em um local fechado; é preciso recuperar com amor e carinho", afirmou, lembrando que essa abordagem é algo que aprendeu ao longo de seus 27 anos de trabalho voluntário.  

Na campanha, foi destacado que as redes sociais são uma ferramenta crucial na comunicação e na divulgação de informações sobre os candidatos. "Hoje, ela é boa, mas o impulsionamento está bloqueado para a maioria dos candidatos", explicou. Observou que, por um lado, isso é positivo, pois, força os candidatos a se apresentarem pessoalmente à população, em vez de depender apenas da mídia social. "Aqueles que construíram organicamente uma rede engajada se tornam multiplicadores".  

No entanto, criticou o estado atual da política "prostituída", poluída por interesses pessoais, não coletivos", acredita que tanto políticos quanto eleitores precisam refletir sobre a situação, mesmo aqueles que não gostem de política, a participação é essencial, afinal "alguém e vai ser eleito, dirigirá a vida de quem não gosta, e não adianta reclamar, porque não participou, não fiscalizou, não adianta reclamar, só eleger e desaparecer, o político sumiu, mas você também".  

Aborda a essência de estar informado sobre política. "Você não precisa ser partidariamente engajado, mas deve estar atento ao que está sendo feito e aonde se quer chegar". Propôs que a população use as redes sociais para entender as propostas dos candidatos e acompanhar o que eles já realizaram e o que planejam fazer, "para que no ano de eleição novamente, ele não tem que lhe prometer mais nada, só apresentar, eu fiz isso, se não fizerem nada, trocam por outro".  

Uma de suas metas é averiguar os planos de governo de todos os candidatos ao executivo. "Apoio o deputado Eduardo Botelho, prefeito da nossa coligação, e o Marcelo Sandri como vice, mas já pedi o plano de governo dos quatro candidatos", contou. Pretende acompanhar o cumprimento das promessas feitas. "O papel do vereador é cobrar ao executivo as propostas de campanha. Prometer e não cumprir é pior que mentir", enfatiza, citando Roberto França.  

Em relação às questões ambientais, critica a gestão atual dos resíduos na capital mato-grossense. "Estamos entre os maiores produtores de lixo do mundo e apenas 5% é reciclável, o caminhão passa e mistura tudo". Apresentou o projeto da coleta verde-vermelha, verde orgânica, vermelha reciclável, onde os dois seriam separados. "A população poderia entregar em pontos de coleta, sem precisar ficar andando a cidade inteira e despejando lixo e ganhar um cartão de crédito na quantidade entregue, seja do alumínio, ferro, cobre, papel e quando for pagar o IPTU passa este cartão para ganhar descontos", explicou. Além disso, as instituições que se cadastrem como pontos também serão remuneradas. "A população deve entender que lixo é dinheiro".  

Verifica a ineficiência da coleta atual, "hoje, pagamos 12 reais de taxa de lixo, mas o caminhão não passa, quando passa derrama chorume na rua inteira, está errado e, é papel do vereador ver se estão executando os serviços, não é de construir nada, ou ele está pensando em ser prefeito". Por fim, destaca seu compromisso como candidato. "Estudei para ser vereador, entendi o regimento interno da câmara municipal, a lei orgânica do município e estou pronto para ser um vereador de Cuiabá", conclui.

Comente esta notícia

image