Nos dias de hoje, a pressão para alcançar o corpo "perfeito" é uma constante na sociedade moderna. A busca incessante por padrões estéticos impostos pela mídia, redes sociais e até mesmo por um imaginário coletivo acaba gerando uma cobrança excessiva sobre as pessoas, levando muitas delas a tomar atitudes extremas para atender a essas expectativas. No entanto, é fundamental entender que cuidar da saúde e se render à pressão psicológica de alcançar um corpo idealizado são duas coisas bem diferentes.
A ideia de um "corpo perfeito" tem sido fortemente alimentada por diversos meios de comunicação. A cultura das celebridades, influenciadores e campanhas publicitárias normalmente associam o valor da pessoa à sua aparência física, transmitindo a mensagem de que um corpo magro, tonificado e esteticamente alinhado com certos padrões é o ideal. Isso não só diminui a autoestima de muitos, mas também cria um ciclo vicioso de insatisfação corporal.
A proliferação de imagens editadas e modificadas nas redes sociais intensifica essa pressão. A exposição a filtros e retoques que alteram os padrões de beleza pode gerar uma falsa percepção do que é real. No entanto, é importante lembrar que a aparência idealizada nas redes sociais raramente reflete a verdadeira saúde, mas sim um produto fabricado por ferramentas de edição.
Cuidar da saúde envolve adotar hábitos que promovam bem-estar físico e mental, como praticar exercícios regularmente, alimentar-se de forma equilibrada e dormir o suficiente. Porém, esses cuidados devem ser pautados no respeito ao próprio corpo, evitando comparações com padrões externos e buscando sempre um equilíbrio emocional. Buscar um corpo perfeito, por outro lado, pode ser uma armadilha psicológica. A obsessão por padrões estéticos e a busca por soluções rápidas, como dietas restritivas ou procedimentos invasivos, pode ter consequências devastadoras.
A pressão para atingir esses padrões não só é prejudicial à saúde física, mas também pode afetar negativamente a saúde mental. O culto à magreza, por exemplo, muitas vezes leva a transtornos alimentares como anorexia nervosa e bulimia, que são problemas sérios e podem ser fatais. Além disso, pessoas que não se encaixam nesses padrões de beleza frequentemente sofrem com baixa autoestima, depressão e ansiedade.
É alarmante o número de pessoas que já sofreram ou morreram tentando alcançar o corpo perfeito. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos alimentares afetam milhões de pessoas em todo o mundo, com destaque para adolescentes e jovens adultos. A anorexia nervosa, em particular, é um transtorno que tem uma taxa de mortalidade elevada, com cerca de 10% dos casos resultando em morte. A maioria dessas mortes ocorre devido a complicações cardíacas e outros problemas médicos derivados da desnutrição severa.
Além disso, diversos estudos mostram que mulheres têm uma probabilidade maior de desenvolver distúrbios alimentares e problemas relacionados à imagem corporal. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Transtornos Alimentares (ANAD), 95% das pessoas que têm transtornos alimentares são entre 12 e 25 anos, e a grande maioria das vítimas são mulheres. Esse dado evidencia como a pressão social para atingir um corpo ideal pode afetar uma faixa etária vulnerável, levando a comportamentos destrutivos e, muitas vezes, irreversíveis.
Diversos casos de celebridades e pessoas comuns que tentaram alcançar um corpo idealizado e pagaram um preço muito alto surgem a cada ano. Em 2015, por exemplo, a modelo e influenciadora britânica Holly Green, que sofria de transtorno alimentar, foi diagnosticada com anorexia nervosa e faleceu aos 22 anos, após uma luta intensa contra o transtorno. Holly foi uma das muitas jovens que foram vítimas de uma pressão social brutal para atingir um corpo "perfeito" e perdeu a vida antes de conseguir superar a doença.
Outro caso trágico é o de Isabella Caruso, uma estudante brasileira de 21 anos que faleceu após passar por um procedimento estético para emagrecimento. Ela foi uma das vítimas de uma cultura que coloca em risco a saúde em nome da busca incessante por padrões de beleza.
O combate à pressão social por um corpo perfeito envolve uma mudança cultural profunda. É necessário desconstruir o estigma de que a aparência física é o único reflexo de saúde e bem-estar. As campanhas de conscientização sobre transtornos alimentares e a promoção da diversidade corporal nas mídias sociais têm sido importantes, mas ainda há muito a ser feito.
É essencial que as pessoas compreendam que cuidar da saúde não deve significar a busca por um corpo específico, mas sim adotar hábitos saudáveis que promovam o equilíbrio físico e mental. A saúde é algo muito mais profundo do que uma mera aparência estética. A valorização da autoestima, da aceitação do próprio corpo e do bem-estar mental deve ser prioridade.
Lucas Leite, jornalista, assessor de imprensa, social mídia e chefe de redação do COPopular