18 de Setembro de 2024

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POLÍTICA Segunda-feira, 12 de Agosto de 2024, 11:38 - A | A

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ELEIÇÕES 2024

“Os passos que tive foram muito ajudados pelos cuiabanos e quero devolver pra essa nata o que eles me deram” afirma pré-candidata à vereadora por Cuiabá

Yasmin Yegros da Redação

Maria José de Oliveira Arruda, Professora Mazé (PL), 57 anos, nascida em Goiânia, Goiás, teve uma longa trajetória até se fixar na capital mato-grossense. Seu pai foi para a região sudeste do Pará no sertão próximo à Amazônia, região de intenso garimpo até hoje. A ex-deputada disputa pela segunda vez o cargo de vereadora pela capital neste ano de 2024.

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“Para mostrar para as mulheres não desistirem, se não for eleita agora serei candidata de novo, porque o que quero fazer por Cuiabá, não é por orgulho próprio, esse orgulho de aparecer, quero fazer para cuidar das pessoas”.

Maria conta a história de seu pai, um posseiro que migrou de Goiânia em busca de terra, onde trabalhou até perder tudo devido a uma doença nas plantações de banana. Após vender as áreas para pagar as dívidas, a família se mudou para uma região distante e isolada, próxima ao Rio Araguaia, onde não havia escola. Sua mãe, então, a alfabetizou em casa, enfrentando dificuldades como a falta de materiais escolares. A família passou por situações extremas, como morar em barracas e depender de doações de comida do exército.

Ao chegar à adolescência, precisou sair de casa para continuar seus estudos, na casa do tio em Cuiabá, enfrentou dificuldades financeiras e emocionais. Passou fome, enfrentou assédio no trabalho, e morou em condições precárias, mas sempre manteve o foco nos estudos, incentivada pelos princípios cristãos e os valores que a mãe lhe ensinou. Conseguiu um emprego no Tribunal de Justiça e passou em concursos públicos tanto em Cuiabá quanto na Várzea Grande. Após concluir a faculdade de letras, tornou-se professora e construiu uma carreira de mais de 25 anos.

Hoje, através de sua trajetória, se sente preparada para continuar sua luta, agora em um patamar maior, onde possa cuidar de pessoas, assim como o legado do pai. Ela ressalta que não é movida por interesses financeiros e está finalizando seu doutorado em educação.

“Então assim, os passos que eu tive foram muito ajudados pelos cuiabanos e eu quero devolver pra essa nata o que eles me deram. Eles me deram comida, me deram guarida, me deram casa, me deram carro, me deram viagem internacional e isso pra mim é muito gratificante”.

Logo, a bandeira principal nesta atual campanha da pré-candidatura é a educação, pois para ela foi o que a transformou, “abrir os cadernos, os livros e o querer”. 

O Partido Liberal (PL) entrou na vida da Professora Mazé pelo perfil ideológico. “Não é a primeira vez que sou candidata, mas a política é muito machista e nela há uma tradição de pessoas que querem tornar raízes profundas. Eles não querem sair, estão muito arraigados e as pessoas não entendem que o novo é diferente mas é competente também". conclui sobre a filiação.

Segundo ela, estamos geridos por um cuiabano que está deixando a própria cidade natal ruim, exemplifica adendo a Várzea Grande dizendo que governantes em excesso, porém falta água em um local onde o rio atravessa o meio das duas metrópoles. Mazé acredita que os cuiabanos são amorosos, mas às vezes isso se traduz em um comportamento de complacência. Para ela, o voto ainda é comprável, e tanto quem vende quanto quem compra são corruptos. Por isso, defende que é necessário eleger pessoas que tenham vontade de mudar e fazer a diferença, e é com esse propósito que ela deseja ser vereadora em Cuiabá.

Em relação à luta pela causa das mulheres, trabalhou em parceria com a Tenente Coronel Vânia (PL), candidata a vice-prefeita, especialmente em projetos como o da da Lei Maria da Penha nas escolas. Ela ressalta que, apesar das mulheres serem fundamentais em diversos espaços, ainda são subestimadas na política, onde acredita que devem lutar com ideias e argumentos.

“Então é uma questão o homem ser maior que a mulher, nas situações políticas. Nós somos muito importantes dentro das nossas casas, somos muito importantes em tantos lugares, temos ocupado diversos espaços. E por que na política nós não somos vistas com essa importância? Nós somos sim. Nossa anatomia é diferente, não vou lutar fisicamente com um homem, mas eu vou lutar com ele com as minhas ideias e argumentos, vamos ir pro embate”.

Sobre a gestão atual, ela expressa preocupação com o cenário político de Cuiabá, especialmente com as investigações envolvendo o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). A candidata se propõe a fiscalizar de forma rigorosa, destacando o impacto negativo da corrupção na cidade e na qualidade de vida dos cidadãos.

“O homem está com esse número de processos, não sofreu impeachment, não foi afastado, quando você pensa que ele foi, já está voltando”, reeitera sobre o gestor.

Ela critica a perpetuação de famílias políticas e a falta de educação e pensamento crítico por parte dos  eleitores nesse âmbito, expressando por fim seu apoio nesta eleição municipal: “Primeiro colocava o bonito, votava no galã, hoje em dia não sei o motivo. O Abílio (PL) quase ganhou, mas eu falava pra ele, da última fui candidata, ‘senhor cuidado com a língua’”.

Também ressalta a importância da educação pública de qualidade, citando sua própria experiência como mãe de filhos bem-sucedidos que estudaram em escolas públicas. Ela acredita que a escola deve ser um lugar onde as crianças de famílias mais pobres tenham acesso a uma educação de alta capacidade.

“Tenho filho fora do Brasil, fazendo doutorado, eu tenho filha mestre e filho médico veterinário, todos de escola pública. Então, a escola pública de qualidade é o meu sonho", confessou Mazé.

Ela menciona um episódio em que foi acusada de “blackface” ao pintar o rosto de preto durante uma homenagem à Mãe Bonifácia no Dia da Consciência Negra. Apesar das críticas, continua firme em seu papel de educadora, defendendo seu trabalho como parte de um esforço maior para educar seus alunos usando seu próprio corpoe vivências, sobre a história e a importância da igualdade.

Do inglês, black, "negro" e face, "rosto", a prática é considerada racismo, porque, entre os ativistas da luta racial, a ação foi por muitos anos utilizada para ridicularizar pessoas negras e servir de entretenimentono, no entanto, não se configura crime.

Na época, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT) destacou que “a ação da educadora fez parte de uma culminância das atividades relacionadas à equidade na educação e ao Dia Nacional da Consciência Negra, que também ocorreu nas demais escolas da Rede Estadual de Ensino. Além de repudiar veementemente qualquer forma de racismo, reforça seu compromisso em garantir uma educação de qualidade, inclusiva e livre de preconceitos".

Nesta campanha, utiliza tanto as redes sociais quanto o contato direto com as pessoas, reconhecendo a importância de ser conhecida pelos eleitores. Ela considera as redes sociais uma ferramenta importante para se conectar com as pessoas, mas também valoriza o diálogo direto com os cuiabanoos.

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