18 de Setembro de 2024

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POLÍTICA Segunda-feira, 09 de Setembro de 2024, 15:49 - A | A

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TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

“Ser político é ser do povo, estar sempre pronta para atender, que sejamos a voz que eles não podem ter", declara candidata à vereadora

Rose Barranco relata seu compromisso com a melhoria dos serviços públicos e a defesa dos direitos das mulheres e crianças atípicas de Cuiabá

Yasmin Yegros da Redação

Roseli, conhecida na política atual como Rose Barranco, tem 47 anos, é casada e mãe de dois filhos. Natural do Mato Grosso do Sul, ela se mudou para Nova Bandeirantes (a 989 km de Cuiabá), uma pequena cidade no norte do estado, quando tinha apenas sete anos. A vida na área rural era difícil para sua família, relata que cresceu em uma casa sem energia elétrica e trabalhou muito desde jovem, ajudando nas tarefas agrícolas, principalmente na colheita de café, muito forte na época. Roseli lembra que “nossa vida era muito simples, tínhamos pouco, mas sempre sonhei em estudar”. 

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Dada a condição financeira de seus pais, que não podiam arcar com os custos de sua educação na cidade, mudou-se para o município e encontrou apoio em uma família italiana que a acolheu e incentivou a seguir seus estudos. Para contribuir com os custos, trabalhou como empregada doméstica por mais de oito anos. Durante o ensino médio, fazia trabalhos diversos, como limpar salas de aula, para garantir sua permanência na escola que cobrava uma mensalidade correspondente a metade do salário mínimo. 

Em Nova Bandeirantes, conheceu e se casou com Valdir Barranco (PT), que exerceu o cargo de deputado estadual por três anos consecutivos. Quando Barranco foi nomeado Secretário de Educação, trouxe a primeira faculdade de ensino a distância para a cidade e Rose aproveitou a oportunidade para concluir seu curso de pedagogia. Continuou lecionando, trabalhou com língua inglesa e portuguesa, da quinta a oitava série, ensino médio e depois na área da alfabetização ao final da faculdade. 

A família do casal sempre pertenceu ao Partido dos Trabalhadores, desde o pai de Valdir, muito politizado, então nele tiveram chances para organização do PT, dos grupos políticos e a oportunidade do marido colocar o nome para candidato a prefeito. Como esposa, ainda jovem, não pretendia trilhar no caminho da política, mas com para apoiar o cônjuge que concorria à prefeitura, deixou a sala de aula, na época vendia enxovais para se manterem financeiramente e ao trabalharem arduamente, em uma campanha de ouvir as pessoas, ir para as ruas e bairros, principalmente nas comunidades que são distantes, áreas rurais, foram vitoriosos em 2005, no local em pleno desenvolvimento, Barranco assumiu o cargo de prefeito e Rose de primeira dama, “nós deixamos lá em Nova Bandeirantes o nosso legado”. 

Durante o mandato, ele levou casas populares e em conjunto a Roseli transformou a Secretaria de Assistência Social, que antes funcionava apenas como um clube de mães, em um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). “A assistência social antes do Lula ser presidente do Brasil, não tinha recurso, não tinha programas, não tinha projetos. Hoje é uma secretária que se sustenta através dos programas federais”. 

No cargo de primeira dama trabalhava com o social, na geração de emprego e renda para as pessoas que mais precisam, “a Secretaria de Ação Social é porta de entrada, a porta de saída é a busca, ter a oportunidade de fazer um curso de ser atendido pelo programa de habitação, de energia, cursos para os jovens, para os adolescentes, para a mulher, que através deles a população tenha autonomia”. 

Quando finalizaram o mandato em Nova Bandeirantes, vieram para Cuiabá em 2009, apesar de ter trabalhado como coordenadora de uma escola no Despraiado, algo importante para conhecer a estrutura educacional pública da metrópole, seguiu para a área de formação em odontologia. Hoje cirurgiã dentista, exerceu atividades na Secretaria de Saúde, enquanto coordenadora de Saúde Bucal e relata que a oportunidade foi um crescimento no seu conhecimento tanto político quanto profissional, por entender a infraestrutura da saúde e necessidades do povo cuiabano, de tratamento odontológico. 

Dentre todos esses anos de trajetória na política, é a primeira vez que concorre ao cargo de vereadora, "com muita maturidade e experiência, sempre militando no mesmo partido". Identifica-se com a área social, da saúde e educação, para ser a voz da mulher em Cuiabá, traz como candidata nesta campanha a mensagem "para amar e cuidar de Cuiabá", pois para Rose quem mais sente a falta do serviço público de qualidade são elas, a mãe, nora, esposa que cuida do marido, do filho, do sogro, da sogra, pois cabe à mulher a questão do cuidado.  

Para ser essa representante feminina,  entende a importância de ouvir os eleitores "não posso fazer um projeto para mim, coloco ele para que a população participe, não só da construção mas também da execução", por isso,  constrói a campanha olhando nos olhos das pessoas, indo às ruas, visitando reuniões pequenas e familiares. Considera-se pronta para dar contribuição e dedicação à política da metrópole, "sabemos que ser político, é ser do povo, estar sempre pronta para atender, muitos deles não querem muita coisa, querem informação, atenção, que sejamos a voz que eles não podem ter, por falta de oportunidade". 

Suas principais bandeiras nessa campanha é a questão do centro de referência para atender as crianças especiais em apenas um local e o acolhimento das mães, não só para o diagnóstico, mas também a terapias e treinamento, um local de amparo ofertado pelo próprio sistema único de saúde, que já possui essas especialidades, "para essa mãe chegar e alguém dizer a ela, 'fica tranquila, aqui é um pouquinho demorado, mas tudo vai acontecer aqui'", conclui. 

Embora, em análise pessoal da candidata, existam avanços da saúde na gestão do atual prefeito,  ainda há muito a ser feito, como dobrar o número de unidades, profissionais, especialidades e melhorar a gestão, no que se refere à reposição de materiais, insumos e equipamentos modernos. Temos estrutura, mas não está sendo usada na sua forma total, "porque às vezes tem potencial de atender um número de pacientes diário ou mensal, a unidade tem bons aparelhos, mas de alguma forma, por falta de gestão, por falta de insumo, profissional, por falta de especialidade não atende a todos". A desvalorização desses profissionais também contribui para que não queiram ficar em uma comunidade, "essas coisas têm que ser equilibradas para deixar o servidor satisfeito, não ter muita desigualdade em relação aos salários públicos e privados", comenta sobre a discrepância salarial dentro da mesma profissão, o que segundo ela dificulta esse estímulo.  

Além disso, ressalta a importância do acesso das pessoas, ao visitar o Hospital Municipal obteve o depoimento de um médico sobre aparelhos com alta capacidade de realizarem exames, mas que não são aproveitados totalmente "porque às vezes esses pedidos vão para central de regulação, por algum motivo chega no dia muitas pessoas desistem ou já foram tratar no particular, mesmo com um número grande aguardando na fila, então a gestão no sistema". Para ela, algo que facilitaria essa situação, é a proposta do candidato a prefeito Lúdio Cabral (PT) de implantar o encaixe, porque o trabalho com agendas é rígido e deve ser monitorado o tempo todo, realocando outra atividade, ou pessoa no lugar, quando não é confirmada, "da mesma forma é o poder público, tem que haver administração dessas informações, dos faltoso, pois quem perde é o paciente".  

Defende que Cuiabá tenha um centro de referência para atender as crianças neurodivergentes, crianças autistas, com TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e dificuldade de aprendizagem no geral, porque é uma realidade complexa, em que sofrem não apenas essas crianças mas, também as mães, pela angústia do tratamento, "embora o pai seja importante nesse processo, a mulher tem aquela preocupação, parece que fica mais com ela a preocupação, ela abandona tudo, o emprego, estudo, em função de um filho, há casos que o marido abandona a esposa e ela fica com o pequeno, porque a gente fala assim que quando o filho é atípico, essa maternidade também é, pois o filho é sempre da mãe".  

Legitima o transporte público de qualidade ao povo cuiabano, conjuntamente as mães de crianças atípicas, que realizam tratamento contínuo, algo que para a candidata precisa ser aprimorado no poder público atual, que não dá conta da demanda, "é difícil acessar em razão da quantidade que se conseguem absorver, nós temos bons profissionais, é só questão de melhorar o fluxo". 

Retrata a necessidade de acolher essa mulher que tem um descendente que precisa de tratamento, de consultar um neuropediatra e terapeuta para se desenvolver, porque essa criança está em uma sala de aula, onde defende tanto a educação inclusiva e muitas vezes essa criança está sendo excluída do contexto do aprendizado, porque o professor não tem o preparo, não houve treinamento de como fazer a abordagem, "falamos que a área da saúde e a educação em alguns momentos tem que caminhar juntos".  

As policlínicas que estão fechadas, mas temos que lutar para que um desses centro de especialidades seja voltado para a criança neurodivergente, para a mãe atípica, isso vai trazer um ganho contra o prejuízo de diagnósticos tardios, "falo enquanto professora, enquanto da área da saúde, por ter conversado com muitas mães e docentes, eles estão clamando por socorro nesse sentido, porque muitas vezes chegam a ter até cinco crianças, cada uma com um tipo de neurodivergência diferente na sala de aula, então o diagnóstico para um professor hoje é extremamente importante, porque não é dado só por um profissional, é uma equipe multidisciplinar, cada um faz a observação comportamental. Então ali estão todas as diretrizes, de que forma que essa criança aprende, qual  é o comportamento dela, o nível ou o grau de comprometimento e além disso muitas precisam de medicação, chegam a ter surtos em aula, crises e às vezes a abordagem é deficitária por conta da falta de treinamento e esse centro viria para dar esse acolhimento". 

Além disso, possui pautas na área da odontologia para expandir, melhorar o acesso das pessoas ao tratamento odontológico, não só para as crianças, mas para as pessoas das periferias, através das parcerias com estagiário de faculdades, que possam usar as unidades odontológicas, que ficam fechadas nos fins de semana, algo já existente por lei, mas que iria dobrar a capacidade de atendimento de uma unidade, comparado ao atendimento durante os dias úteis, o que diminui a fila de espera, de dois à três meses por uma vaga. 

Evidência a questão das mulheres periféricas, já que planeja levar oportunidade para além do centro de Cuiabá, através de parceria com os centros comunitários e igrejas dos bairros, trazendo para perto dessas pessoas cursos de capacitação, ofertados pela Secretaria de Ação Social, mas que muitas vezes ficam distantes da moradia da população.  

Sobre o cenário político de Cuiabá, retira o nome de Emanuel Pinheiro da análise, por não ser mais candidato, embora venha com outro nome, enxerga, dessa forma, possibilidades de renovação. Devida a filiação, defende o nome de Lúdio Cabral (PT), para prefeito, como médico e servidor público, com uma história na capital mato-grossense, entende que as pessoas terão a chance de escolher o melhor, baseia a afirmação justamente na pauta de que a política seja a saúde, "todas são importantes, mas por conta do que passamos de repente, essa tragédia do Covid, que devastou muitas vidas, deixou muitas pessoas com sequelas e também demandas reprimidas, tivemos todo esse problema da saúde de Cuiabá, que todo mundo assistiu, das intervenções, e não queremos mais isso, queremos renovar as esperanças".  

Acredita em uma grande mudança na questão econômica, com parceria do governo federal, para prefeitura que arrecada pouco, não há como propor um projeto que sem financiamento ocasionará mais dívidas, pela falta de receita "julgo que esse próximo prefeito tem que trazer indústria para Cuiabá, gerar emprego, renda, melhorar o PIB, um município que tem dinheiro em caixa, consegue oferecer para a população bem-estar em todos os sentidos, sem depender do governo federal, em empréstimo, como temos visto, alguém que pense em trazer indústria para Cuiabá, em gerar emprego, dinheiro para o comércio, para as pessoas, vai ter um avanço grande". exemplifica com a referência de Rondonópolis, uma cidade com muitas indústrias atualmente, ao qual não sobrevive apenas de IPTU e impostos. 

Rose traz o olhar da mulher, somando à área da saúde, a experiência com o executivo, pelo fato de ter sido primeira-dama, "entendo como funciona o poder público, a forma de se investir, o percentual da educação, da saúde, então agora, ao me colocar em outra perspectiva, me comportar enquanto legislativo, sei que fica a critério do executivo executar as obras, mas fica ao critério do legislativo fiscalizar, propor projeto de defesa da população, não somente durante a campanha eleitoral", enfatiza.

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