27 de Dezembro de 2024

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SAÚDE Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2024, 11:28 - A | A

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MELHORA NA SAÚDE

Brasil avança na imunização infantil e deixa de figurar entre os países com maior número de crianças não vacinadas no mundo

O país tem demostrado a importância da vacinação ainda mais evidente durante a pandemia.

Ana Carolina Guerra da Redação

A vacinação é uma das ações mais eficazes e custo-efetivas promovidas por governos para garantir a saúde coletiva de uma população. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), sua principal função é gerar imunidade, ajudando no controle e eliminação de doenças causadas por vírus ou bactérias. Os imunizantes são substâncias que, apesar de se assemelharem aos agentes causadores das doenças (antígenos), são enfraquecidas ou inativas, estimulando o sistema imunológico a produzir anticorpos. Assim, quando o organismo entra em contato com a versão ativa do agente patogênico, já possui a memória imunológica para combatê-lo, prevenindo a infecção ou suas formas mais graves.

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A importância da vacinação ficou ainda mais evidente durante a pandemia de Covid-19. Estimativas publicadas na revista científica Lancet InfectiousDiseases indicam que, em 2022, a vacinação contra o SARS-CoV-2 evitou mais de 19 milhões de mortes, representando uma redução de mais de 50% no número de falecimentos potenciais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a vacinação em massa evita entre 2 a 3 milhões de mortes anualmente e poderia salvar ainda mais vidas se sua aplicação fosse ampliada, resultando em uma economia significativa para os sistemas de saúde.

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, é um exemplo de sucesso na promoção da saúde pública. O programa coordenado pelo Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios, oferece vacinas, soros e imunobiológicos em cerca de 38 mil salas de vacinação em todo o território nacional, aplicando cerca de 300 milhões de doses anualmente. Entre os imunizantes disponibilizados estão vacinas contra doenças como poliomielite, sarampo, rubéola, tétano, coqueluche, tuberculose, hepatite A e B, gripe, febre amarela, meningite, entre outras.

Apesar dos avanços, a cobertura vacinal tem diminuído nos últimos anos, a Secretaria de Saúde de Mato Grosso divulgou, em julho de 2023, os resultados de uma pesquisa que indicam que a cobertura vacinal no estado está abaixo do ideal, o que representa um risco para a reintrodução da poliomielite. Para combater essa ameaça, é essencial aumentar os índices de vacinação. No estado, 714 salas de vacinação estão disponíveis para aplicar as doses contra a pólio.

Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, alertou para a importância de manter a vacinação em dia. Embora o Brasil tenha eliminado a poliomielite, o vírus ainda circula em outros países, o que aumenta o risco de reintrodução da doença.

O esquema vacinal contra a poliomielite, conforme o Calendário Nacional de Vacinação prevê três doses inativas para crianças menores de cinco anos, aplicadas aos dois, quatro e seis meses de idade. Além disso, as crianças devem receber duas doses de reforço com a vacina oral bivalente. O Ministério da Saúde ressalta que as vacinas estão disponíveis ao longo de todo o ano nos postos de saúde, sendo fundamental que os pais e responsáveis mantenham as cadernetas de vacinação atualizadas para proteger as crianças e evitar o retorno da doença.

O Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), criou a Unidade Móvel de Vacinação com o objetivo de combater a queda nas taxas de imunização, especialmente em áreas de difícil acesso. Em 2023, a unidade percorreu 11 municípios do interior do estado, entre abril e agosto, ajudando a atingir as metas de vacinação. A iniciativa faz parte do programa Imuniza Mais MT, que conta com duas unidades móveis do tipo caminhão truck, totalmente adaptadas para a aplicação de vacinas. Cada unidade é equipada com recepção, sala de vacina, uma pequena rede de frio para armazenamento, gerador de energia, ar-condicionado, frigobar, câmaras de conservação de vacinas, freezers e um elevador para garantir acessibilidade a cadeirantes.

De acordo com Alessandra Moraes, superintendente de Vigilância em Saúde da SES, as unidades móveis estão disponíveis para os municípios e entidades públicas, com a SES fornecendo os veículos e equipes técnicas necessárias. Os municípios, por sua vez, devem fornecer alimentação para os profissionais, insumos e vacinadores, além de mobilizar a população.

As unidades oferecem uma ampla gama de vacinas, incluindo BCG, Hepatite B, Tetravalente, Poliomielite, Rotavírus Humano, Febre Amarela, Tríplice Viral DTP, Tríplice Bacteriana, Dupla tipo adulto (dT), Influenza, Pneumococo e as vacinas contra a Covid-19, como a bivalente e monovalente.

O programa recebeu um investimento de R$ 65 milhões por parte do governo estadual, destinado a várias ações, como premiações para municípios com bons desempenhos de imunização, reformas e construções da Rede Frio da SES, aquisição de veículos refrigerados, câmaras frias, ar-condicionados, insumos, capacitações e serviços de comunicação. Em novembro de 2021, 15 municípios com bom desempenho na imunização contra a Influenza e a Covid-19 receberam R$ 1,8 milhão em premiações. Na segunda etapa, em março de 2022, 13 municípios que alcançaram entre 90% e 100% de cobertura vacinal para 18 imunizantes foram premiados com R$ 1,9 milhão.

Além das unidades móveis, o governo investiu também na ampliação da Central de Imunobiológicos da SES, a unidade central da Rede de Frio. Inaugurada em outubro de 2021, a central passou por uma reforma de R$ 5 milhões e foi equipada com câmaras refrigeradas, aumentando sua capacidade de armazenamento de mil para 2,5 mil doses de vacinas. A unidade é responsável pelo armazenamento de vacinas, imunoglobulinas, soros antiveneno e insumos essenciais, como seringas e agulhas. Também foram investidos R$ 824 mil na melhoria da rede de frio dos Escritórios Regionais de Saúde.

Além das melhorias estruturais, o programa possibilitou a capacitação de aproximadamente 600 pessoas em 2021, com encontros virtuais e presenciais que abordaram temas como a pandemia, vacina BCG, a Campanha Nacional de Multivacinação, a Campanha Nacional contra Influenza e estratégias contra a Covid-19.

O programa também possibilitou a compra de 50 câmaras refrigeradas e 30 freezers, além de estar em processo de aquisição de dois caminhões refrigerados e duas vans. Para o secretário Adjunto de Vigilância em Saúde, Juliano Melo, o fortalecimento da infraestrutura de armazenamento de vacinas e o incentivo financeiro aos municípios são fundamentais para o avanço da imunização em Mato Grosso.

Entre 2021 e 2022, as unidades móveis de imunização percorreram 60 municípios, aplicando 36.680 vacinas e realizando 19.183 atendimentos.

 

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