25 de Abril de 2025

ENTREVISTA DA SEMANA Terça-feira, 22 de Abril de 2025, 15:52 - A | A

Terça-feira, 22 de Abril de 2025, 15h:52 - A | A

JÚLIO CAMPOS

Parlamentardefende a votação secretados votos comoalgo constitucional e ressalta a importânciaparaproteger osparlamentares

“O Albert Einstein é um hospital de prestígio internacional e possui a estrutura e competência para gerir qualquer hospital do Brasil.”

Ana Carolina | Redação

O deputado estadual Júlio Campos comentou sobre a contratação do Hospital Albert Einstein para a administração do Hospital Central de Cuiabá. Apesar de reconhecer a excelência da instituição, destacou dúvidas levantadas pelo deputado Lúdio Cabral quanto à forma da contratação e à possível participação de uma terceira empresa. A Assembleia deve votar o convênio em regime de urgência, o que, segundo Campos, pode resultar em aprovação sem o devido debate.

O parlamentar aproveitou a oportunidade para criticar os ataques políticos direcionados ao seu irmão, o senador Jaime Campos, por parte de membros do PL, incluindo o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, e o vice-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaeli. Para ele, essas críticas demonstram que Jaime é um nome forte para as eleições de 2026.

Em relação à recente polêmica sobre a votação secreta dos parlamentares, o deputado comentou as críticas feitas pela Câmara Municipal de Cuiabá à votação de vetos na Assembleia Legislativa. Ele defendeu o modelo como constitucional e necessário para proteger os parlamentares de pressões políticas. Rejeitou a moção de repúdio da Câmara e classificou a reação como precipitada e motivada por fanatismo político.

Por fim, falou sobre os rumos do União Brasil em Mato Grosso, afirmando que o partido ainda precisa se organizar no interior e que o nome de Jaime Campos é forte para disputar o governo ou o Senado em 2026, embora outros nomes também estejam sendo cogitados. Campos descartou responder às críticas de Tião da Zaeli, afirmando que não polemiza com quem considera politicamente irrelevante.

Centro Oeste Popular – O novo Hospital Central tem sido um dos temas mais polêmicos e importantes para a sociedade cuiabana, e o regime de urgência tem gerado críticas. Como o senhor analisa essa situação?

Júlio Campos – Veja bem, o Albert Einstein é um hospital de prestígio internacional. Tem toda a competência para gerir qualquer hospital do Brasil. Em relação à dúvida do deputado Lúdio Cabral, a forma como está sendo contratado o serviço é válida e está sendo estudada por nós. Ele não está questionando a capacidade técnica do hospital, mas sim o processo de contratação.

Centro Oeste Popular – Lúdio questionou uma possível situação obscura envolvendo a contratação de uma terceira empresa para cuidar do hospital, com o Albert Einstein atuando apenas como marca. Essa informação procede? Já foi esclarecida para o Parlamento?

Júlio Campos – Essa dúvida realmente existe. Seria muito importante que o governo esclarecesse essa questão aos deputados que estão levantando esse ponto.

Centro Oeste Popular – Recentemente, o vice-prefeito Tião da Zaeli, ao fazer o balanço dos primeiros 100 dias de gestão, criticou seu irmão, o senador Jaime Campos. Como o senhor avalia esses primeiros 100 dias da prefeita Flávia Moretti em Várzea Grande?

Júlio Campos – Neste momento, prefiro não comentar. Acredito que 100 dias é um período muito curto para avaliar uma gestão. Seria mais razoável aguardar pelo menos alguns meses para traçar um panorama mais claro tanto da gestão do Abílio quanto da prefeita Flávia. O que percebo, infelizmente, é que as administrações de Cuiabá e Várzea Grande estão bastante tumultuadas, com constantes trocas de secretários, o que não é bom para a estabilidade da gestão. Mas espero que as coisas se acertem.

Centro Oeste Popular – Como o senhor avalia os constantes ataques ao senador Jaime Campos, especialmente por parte do prefeito Abílio Brunini e, mais recentemente, do vice Tião da Zaeli? O próprio Abílio chegou a prever o "fim político" do senador. Qual a sua visão sobre essas declarações?

Júlio Campos – Olha, isso é natural na política. É oposição. Mas ninguém joga pedra em árvore que não dá fruto. Se Jaime Campos estivesse politicamente fraco, sem futuro, ninguém o criticaria. Se o PL, representado por esses dois prefeitos, está tão preocupado com o nome dele, é sinal de que ele é um forte candidato ao governo do Estado. Nada disso nos abala. Jaime é um senador respeitado em Brasília, com muitos serviços prestados a Mato Grosso. Temos hoje a maioria dos prefeitos e vereadores ao nosso lado para uma possível eleição em 2026.

Centro Oeste Popular – A Assembleia foi criticada por ainda manter votação secreta na apreciação de vetos. É constitucional, mas há discussões sobre a moralidade. A Câmara Municipal de Cuiabá inclusive apresentou moção de repúdio. Como o senhor avalia isso? O voto secreto deve permanecer?

Júlio Campos – A votação secreta em vetos é prevista por lei justamente para proteger os parlamentares de pressões, chantagens e perseguições quando se contrariam interesses do Executivo. Não é uma invenção da Assembleia. Essa prática está dentro da Constituição. Portanto, não há por que darmos satisfação à Câmara ou a qualquer outro órgão sobre isso.

Centro Oeste Popular – O senhor acredita que essa moção da Câmara tem motivação política, talvez mirando as eleições do ano que vem?

Júlio Campos – Sem dúvida. Se fôssemos criticar a Câmara de Cuiabá, como muitos chamam de "Casa dos Horrores", teríamos motivo, mas nenhum deputado estadual fez isso. Agiram de forma precipitada. Muitos vereadores não concordaram com a moção, se abstiveram ou nem compareceram. Tudo isso é fanatismo da ala bolsonarista liderada por Abílio. Ele vem aqui, pede emendas, faz média com a Assembleia, e depois manda sua bancada nos atacar. Mas não nos preocupamos com voto de repúdio. A Assembleia está fazendo seu papel e é bem avaliada.

Centro Oeste Popular – O governador declarou que os 13 deputados que votaram contra o veto dos “mercadinhos” nas penitenciárias estão defendendo bandidos. Como o senhor reage a isso?

Júlio Campos – Foi uma declaração muito infeliz. Aqui não tem “caboclo”, temos representantes do povo, todos eleitos democraticamente. O governador precisa tratar o Legislativo com mais respeito. Acredito que ele já se arrependeu de ter dito aquilo.

Centro Oeste Popular – O senhor acredita que o governador está demorando para definir se apoiará Jaime ou Piveta em 2026?

Júlio Campos – Na verdade, o União Brasil não está discutindo entre Jaime e Piveta. O governador vai decidir o que quer, mas o Piveta é do Republicanos, não do nosso partido. Cada legenda tem sua autonomia. Nós, do União Brasil, vamos nos reunir para definir nosso rumo: se teremos candidatura própria ou faremos coligação. Ainda é cedo para isso. Só depois da janela partidária, em março, saberemos como estará o partido.

Centro Oeste Popular – Durante uma entrevista em Várzea Grande, Tião da Zaeli disse que as mazelas da cidade têm a “digital dos Campos”. Como responde a isso?

Júlio Campos – Não vou comentar. Ele é pequeno demais para merecer uma resposta de Júlio Campos. Já fui governador, senador, vice-presidente do Senado, deputado federal por três mandatos – sempre o mais votado em Mato Grosso – e considerado o melhor prefeito da história de Várzea Grande. Hoje sou deputado estadual e vice-presidente da Assembleia. Discutir com Tião seria me rebaixar. Deixo ele lá, e fico aqui, em Mato Grosso.

Comente esta notícia

image