11 de Março de 2025

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ENTREVISTA DA SEMANA Segunda-feira, 10 de Março de 2025, 10:57 - A | A

Segunda-feira, 10 de Março de 2025, 10h:57 - A | A

DESENVOLVIMENTO LOCAL

“Não sou contra kits escolares, sou a favor dessa política pública e sou favorável ao aprimoramento dela”

Lucas Leite | Redação

Diego Guimarães é um político brasileiro, atualmente deputado estadual pelo estado de Mato Grosso, iniciou sua trajetória política com uma forte atuação na Câmara Municipal de Cuiabá, onde se destacou por sua postura combativa e compromisso com as necessidades da população. Durante seu tempo na Câmara Municipal, foi um dos principais representantes da oposição, batalhando contra a máquina pública e defendendo interesses da sociedade, especialmente no que se refere ao comércio local e à geração de empregos.

Ao longo de sua carreira, Diego tem sido um defensor fervoroso de políticas públicas que promovem o desenvolvimento local e a inclusão social. Entre seus projetos mais discutidos está a proposta de reformulação do programa de distribuição de kits escolares, com a ideia de transformar o modelo atual em um sistema de vouchers que permita maior autonomia às famílias e valorize o comércio local.

Ele também tem se destacado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso por sua atuação em áreas relacionadas à educação, infraestrutura e economia. Com um olhar crítico sobre a administração pública, tem se posicionado favoravelmente à realização de investimentos mais eficazes que beneficiem a população mato-grossense.

Membro do Partido Republicanos, Diego Guimarães é conhecido por sua postura firme e por buscar soluções que equilibram as necessidades da população com a sustentabilidade econômica e o crescimento do estado. Além de sua atuação política, ele se mantém engajado nas questões sociais e no fortalecimento de Mato Grosso, focando em avanços nas áreas de saúde, educação e mobilidade urbana.

Em uma entrevista o deputado compartilhou suas opiniões sobre questões cruciais para o futuro de Mato Grosso, desde a polêmica sobre os kits escolares gratuitos até os rumos do transporte público em Cuiabá e Várzea Grande. Guimarães defende um aprimoramento na política de distribuição de material escolar, sugerindo a adoção de vouchers para fortalecer o comércio local, além de criticar a ineficiência do atual modelo de distribuição. O deputado também abordou o impasse em torno das obras do BRT e a situação do modal que, após o rompimento de contrato, ainda gera incertezas e impactos no trânsito da capital. Por fim, ele fez uma análise sobre os primeiros meses de gestão do prefeito Abílio Júnior, destacando as ações tomadas para equilibrar as contas públicas e modernizar a administração municipal.

Centro Oeste Popular: Deputado, este ano o senhor gerou polêmica na imprensa ao se manifestar sobre a distribuição de kits escolares gratuitos para os alunos da rede estadual de ensino de Mato Grosso. O senhor mencionou que o setor de papelarias e livrarias enfrentaria uma crise sem esses potenciais clientes. Contudo, também há o outro lado: as famílias de baixa renda, que veem esses kits gratuitos como uma benesse importante. O senhor levou esse debate para a Assembleia. Qual é o seu entendimento sobre essa questão?

Diego Guimarães: Eu mantenho a mesma posição. O grande problema é que minha opinião foi distorcida, e não sei se de forma maliciosa ou por má interpretação. Não sou contra o kit escolar, sou a favor dessa política pública e sou favorável ao aprimoramento dela. O que propus foi uma política pública que, além de entregar o kit escolar, também fortaleça o comércio local.
E isso é viável, sim! Outros estados já implementaram iniciativas assim. A forma como os kits são entregues atualmente acaba sendo ineficiente. A burocracia e a lentidão do processo prejudicam o comércio local, pois, grandes licitações são ganhas por empresários de fora, que não geram empregos em Mato Grosso, não pagam impostos aqui e não têm a logística e a diversidade de materiais que as papelarias locais possuem. Eles compram produtos de baixa qualidade, muitas vezes de outros países, e não entregam os kits a tempo. Estamos em março, e muitas escolas ainda não receberam os kits escolares devido a essa falha logística.
O que proponho como aprimoramento? Transformar a entrega dos kits em um voucher escolar, através de um cartão, semelhante ao programa Ser Família, criado pela primeira-dama Virginia Mendes. Esse cartão teria o valor do kit escolar, e os pais ou responsáveis poderiam decidir onde comprar os materiais, de acordo com critérios definidos pela Secretaria de Educação. Se isso já estivesse em vigor, muitos pais que entraram em contato comigo, dizendo que precisaram comprar material escolar para seus filhos porque o kit não chegou, teriam um cartão para usar. Além disso, poderiam optar por materiais mais personalizados, como mochilas de personagens, algo que atualmente não é possível com o modelo padronizado do governo.
Esse modelo já funciona em outros lugares, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, e até em Lucas do Rio Verde. Por que não aplicar essa mesma ideia aqui em Mato Grosso? Recentemente, a Frente Parlamentar de Defesa do Comércio teve uma reunião sobre o tema, e a secretária adjunta, se mostrou disposta a estudar os modelos que já existem e adaptá-los para o nosso estado. Talvez em 2026 possamos ter um modelo mais eficiente. Defendo o kit escolar, mas acredito que podemos conciliar isso com o fortalecimento do comércio local e a geração de empregos.

Centro Oeste Popular: Há cerca de 10 anos, Cuiabá e Várzea Grande viveram a novela do VLT, e agora a cidade se vê diante de outro modal, o BRT. A obra está paralisada, causando caos no trânsito, especialmente na Avenida CPA, uma das principais vias da capital. O governo do estado rompeu o contrato, mas a obra está inacabada. Como o senhor avalia essa situação? O que o senhor entende sobre esse rompimento e os próximos passos do governo?

Diego Guimarães: Recentemente, tive uma conversa com o secretário-geral da Casa Civil, Fábio Garcia, e a pauta foi exclusivamente sobre o BRT. Quando a mudança do modal foi discutida, ainda era vereador, e participei de audiências públicas em Cuiabá e Várzea Grande. Naquela época, os dados indicavam que o BRT seria a solução mais viável, tanto em termos de custo quanto de operação, para a nossa região. O governador Mauro Mendes nos alimentou a expectativa de um transporte coletivo de qualidade, mas hoje estamos vivendo uma situação de incerteza.
A situação precisa ser resolvida com urgência. O governo está ciente disso e, pela conversa que tive com Fábio Garcia, ainda esta semana ou no início da próxima, o governo deve tomar uma decisão sobre o futuro da obra. O que sabemos é que, até o momento, os pagamentos realizados pelo estado estão dentro da normalidade, mas a execução da obra está abaixo de 20%. Isso ainda protege o dinheiro público, mas precisamos de uma resposta clara e rápida.
O governo tem que resolver isso, até porque a mobilidade urbana em Cuiabá e Várzea Grande é um tema importante para as eleições do próximo ano. O governador tem feito um excelente trabalho em muitas áreas do estado, com grandes investimentos e avanços, como na educação, mas no que diz respeito à mobilidade urbana, ele tem a obrigação de resolver essa situação, seja com a empresa que está atualmente contratada ou com uma nova empresa.
A Assembleia Legislativa tem cumprido seu papel de fiscalizar e acompanhar. Recentemente, recebemos o secretário de Infraestrutura, Marcelo Padeiro, que nos explicou o que tem acontecido. São recursos públicos envolvidos, e a população está sofrendo com isso, especialmente os comerciantes e os motoristas que enfrentam o caos no trânsito.

Centro Oeste Popular: Como o senhor avalia a gestão do prefeito Abílio até agora? Ele faz parte de um grupo que, no início, era oposição, incluindo o senhor, Felipe Wellaton, Marcelo Bussiki, entre outros. O partido Republicanos, do qual o senhor faz parte, tem três vereadores na Câmara Municipal, mas o prefeito não tem a base na prefeitura, não há representantes no secretariado até o momento. Como o senhor vê essa gestão?

Diego Guimarães: Fiquei muito feliz com a eleição do Abílio. Ele tem uma grande oportunidade de honrar o legado de nossa geração dentro da Câmara Municipal. Eu, ele, Felipe Wellaton, Marcelo Bussiki, Dilmara Alencar, Gilberto Figueiredo, todos enfrentamos a máquina pública com coragem e audácia. Mesmo com poucos vereadores, conseguimos quebrar paradigmas e lutar pela população.
Nos primeiros 60 dias da gestão do Abílio, vejo muitas medidas acertadas. Ele tem mostrado um novo perfil, o que muitos não esperavam. Ao invés de um Abílio polêmico e rancoroso, ele tem focado em resolver os problemas da gestão que herdou, como o pagamento dos salários dos servidores, que estavam atrasados, e agora ele tem conseguido regularizar isso. Além disso, ele criou uma comissão para revisar contratos, e em dois meses já conseguiu cortar cerca de 100 milhões de reais, com uma meta de superar 500 milhões de reais de economia.
Não houve loteamento de secretarias, o que é um ponto positivo. Ele tem optado por uma gestão mais técnica e eficiente, sem ceder à pressão política de distribuir cargos. O único cargo político, talvez, seja o do secretário de Governo, Ananias, que é do partido dele. Essa postura tem gerado algum desconforto, mas acredito que vai dar certo. Ele tem se aproximado da Assembleia Legislativa e, com isso, conseguimos garantir emendas para Cuiabá, com investimentos em áreas como saúde e infraestrutura.
A gestão Emanuel Pinheiro, por outro lado, teve dificuldades, principalmente em garantir investimentos do governo estadual, e isso tem sido um desafio. O Abílio está trabalhando para reverter esse cenário e, com o tempo, tenho certeza de que Cuiabá vai evoluir. Acredito que nos próximos meses, com o ajuste nas contas e a reforma administrativa, as coisas começarão a se alinhar, e a população verá uma gestão mais eficiente. Peço paciência à população, pois, tivemos oito anos de dificuldades, mas tenho fé de que a gestão do Abílio vai trazer os resultados que todos esperam.

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