30 de Dezembro de 2024

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ENTREVISTA DA SEMANA Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2024, 15:48 - A | A

Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2024, 15h:48 - A | A

ABILIO BRUNINI

Problemas na transição de governo faz Abílio acreditar que Emanuel Pinheiro está “armando armadilha” para ele mesmo

“Acredito que ele está armando uma armadilha para ele mesmo. É muito ruim terminar um mandato desse jeito”

Redação

Abilio Jacques Brunini Moumer, aos 40 anos, nasceu em Cuiabá e possui formação em Arquitetura e Urbanismo. Iniciou sua trajetória política em 2016, quando foi eleito vereador da capital pelo Partido Social Cristão (PSC). Em 2020 concorreu à prefeitura, mas foi derrotado no segundo turno com pequena porcentagem de diferença para Emanuel Pinheiro. Em 2024 Abílio não aparecia nas pesquisas com grandes possibilidades de vitória, mas surpreendeu a todos nas urnas quando conseguiu uma vaga no segundo turno e posteriormente viria a vencer contra o candidato Lúdio Cabral (PT).


Na reta final da transição para assumir a prefeitura de Cuiabá, Abílio Brunini concedeu uma entrevista para falar sobre as expectativas, estratégias e desafios que encontrará a partir de janeiro de 2025. Brunini destacou seu compromisso com a economia nos primeiros 100 dias e com a reestruturação administrativa como bases para conduzir a capital mato-grossense a um novo ciclo de desenvolvimento.

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Centro Oeste Popular — Qual o motivo da sua visita à Câmara Municipal de Cuiabá?
Abílio Brunini — Vim comunicar aos vereadores que vamos encaminhar as alterações na LOA em 2025. Não há tempo hábil para fazer isso agora, em dezembro. Além disso, cabe ao prefeito atual o envio da LOA e as mudanças administrativas, mas a equipe de transição da prefeitura não nos passou todos os dados necessários para formular e executar essas alterações. Vamos aguardar até janeiro de 2025 para ter acesso completo às informações, compatibilizar a LOA que o prefeito atual encaminhou com as nossas sugestões e também apresentar uma proposta de reforma administrativa. Essa reforma deve ser feita em fevereiro, assim como as alterações na LOA. Entre as mudanças previstas estão fusões e divisões de secretarias, redução de cargos e novas gestões para áreas como Defesa Civil e Inclusão. Pretendemos organizar melhor as pastas e começar as nomeações em fevereiro.

Centro Oeste Popular — Referente à reforma administrativa, quais mudanças podemos esperar?
Abílio Brunini — Vamos fundir algumas secretarias e reduzir o número de cargos. Pretendemos reorganizar atividades entre pastas, como, por exemplo, transferir a Defesa Civil, que atualmente está na Ordem Pública, para o Gabinete de Governo, deixando-a diretamente ligada ao prefeito. Vamos reunir novamente as secretarias de Planejamento e Fazenda, que foram separadas no passado. Também separaremos o Esporte da Cultura e faremos uma reestruturação conceitual em áreas como Inclusão e Acessibilidade, que ganhará protagonismo. Quanto à Secretaria da Causa Animal, estamos planejando uma fusão específica. Ainda não decidimos se será uma secretaria própria ou uma adjunta, mas essa mudança é certa.

Centro Oeste Popular — Quando acontecerá a posse dessas pastas? Será junto à sua posse?
Abílio Brunini — Os secretários que já foram indicados tomarão posse no dia 2 de janeiro. Contudo, nem todas as pastas têm seus ocupantes definidos ainda. Algumas funções serão exercidas de forma temporária até que as pastas sejam divididas ou reestruturadas, permitindo que cada secretário ocupe sua posição definitiva. Por exemplo, a Coronel Franciane assumirá temporariamente em uma pasta que também cuida de fiscalização, até que a divisão seja concluída. No dia 2 de fevereiro, todos os secretários estarão ocupando seus cargos de forma oficial.

Centro Oeste Popular — O senhor mencionou que a equipe da prefeitura não entregou algumas informações importantes. Quais foram essas informações?
Abílio Brunini — Muitas informações estamos tendo que buscar no Portal da Transparência. Esperávamos uma maior colaboração da atual gestão, mas isso não aconteceu. Faltam informações sobre contratos expirando, ordens de serviço emitidas, entre outros dados. Temos ciência, por exemplo, de manifestações de funcionários reclamando de salários atrasados, mas não sabemos se as empresas já receberam pagamentos ou se existem ordens de serviço em andamento. Essa falta de transparência é preocupante. Além disso, enfrentamos uma resistência silenciosa: quando solicitamos informações, recebemos arquivos vazios ou links que não funcionam. Mesmo quando enviam algo, não é completo.

Centro Oeste Popular — Como o senhor vai lidar com salários e dívidas atrasadas deixadas pela gestão atual?
Abílio Brunini — Essa é uma situação preocupante. Até agora, só temos conhecimento desses problemas por meio da imprensa, porque a equipe de transição não nos deu dados claros. Não é assim que deveria ser. Vamos aguardar informações mais completas sobre a arrecadação e as dívidas em andamento. A prioridade será garantir os salários em dia, mas isso dependerá de um planejamento financeiro criterioso e decisões bem informadas.

Centro Oeste Popular — O Tribunal de Contas reverteu a reprovação das contas da prefeitura e agora elas foram aprovadas. Isso impacta de alguma forma a sua gestão? Como o senhor viu essa reversão?
Abílio Brunini — Essa decisão não impacta em nada a minha gestão, porque as contas são da administração atual, não da minha. Cabe ao Tribunal de Contas fazer essa avaliação, e acredito que eles tomaram essa decisão com base em critérios técnicos. Não analisei os motivos dessa reversão, mas também cabe aos vereadores julgarem essas contas.
No entanto, é inevitável que essa mudança levante questionamentos, considerando o cenário de atrasos salariais e falta de benefícios para trabalhadores. Minha avaliação sobre isso é política: o Tribunal tem autonomia para rever decisões, e prefiro focar nos dados que terei à disposição quando assumir a gestão.

Centro Oeste Popular — Ontem a vereadora Maysa aderiu ao bloco da vereadora Paula Calil. Como o senhor vê isso? Está de acordo, está contente?
Abílio Brunini — Essa é uma decisão dos vereadores. Eu me afastei dessa discussão já faz alguns dias. Desde que voltei de viagem, ontem foi a primeira vez que me encontrei com eles, e foi para comer uma pizza, de banana com canela, uma delícia, aliás.
Pessoalmente, torço para que seja eleita uma chapa feminina na Câmara. Seria histórico, algo inédito em qualquer capital brasileira. Quando a composição sempre foi masculina, ninguém reclamou. Agora, vejo isso como uma oportunidade incrível para Cuiabá se destacar no cenário nacional. Uma mesa 100% feminina pode inspirar outras mulheres a entrarem na política. É uma chance única de fazer história e mostrar que a política pode ser inclusiva e inovadora.

Centro Oeste Popular — Nós vemos aí uma série de trabalhadores reclamando da falta de pagamento, e o senhor mencionou dificuldades na entrega de dados durante a transição. O senhor teme que, de certa forma, Emanuel esteja armando uma armadilha para a sua gestão?
Abílio Brunini — Acredito que ele está armando uma armadilha para ele mesmo. É muito ruim terminar um mandato desse jeito: ruas alagadas com a chuva, buracos por toda parte, e a saúde sob ameaça de intervenção. Além disso, funcionários estão com salários atrasados há meses.
Ele poderia optar por deixar uma imagem diferente, como um caixa equilibrado e funcionários pagos, entregando obras e serviços. Mas escolheu entregar a cidade em caos, endividada e cheia de problemas. Essa foi uma decisão política dele, e eu lamento que tenha optado por esse caminho.

Centro Oeste Popular — Prefeito, com relação à empresa do lixo aqui em Cuiabá, cujo contrato será mantido por mais 12 meses, o senhor vai recorrer na Justiça ou vai primeiro assumir para entender a situação? E com relação à licitação de publicidade da SECOM, que o senhor pediu para o TCE suspender, mas que foi mantida, como o senhor vai proceder?
Abílio Brunini — Primeiro, vamos assumir e, a partir disso, acionar a Procuradoria para fazer um parecer técnico sobre essas situações. Já apresentamos justificativas ao Tribunal de Contas, mas elas foram consideradas inválidas. Tudo bem, vamos avaliar os casos com calma e tomar medidas cabíveis, sejam judiciais ou administrativas.
Não pretendo entrar em conflito com o Tribunal ou outros órgãos. Assim que tomarmos posse, o procurador do município será responsável por encaminhar as decisões adequadas. Estamos revisando cerca de 30 contratos e planejamos uma economia de 100 milhões de reais nos primeiros 100 dias, justamente ao cortar contratos supérfluos ou redundantes. Planejamento e responsabilidade serão nossas prioridades.

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