O deputado estadual Júlio Campos tem se destacado em suas recentes manifestações sobre temas relevantes para a política e a sociedade. Em relação à federação dos partidos, ele tem levantado uma tese sobre os potenciais problemas que podem surgir devido à quantidade de vagas disponíveis para a eleição de deputados, o que pode gerar distorções no processo eleitoral. Além disso, nos últimos dias, com as graves denúncias sobre a falta de água em Várzea Grande, o deputado ressaltou a abertura de um inquérito para investigar os boletins de ocorrência que apontam possíveis casos de boicote ao fornecimento do recurso. Por fim, Júlio Campos também tem se mostrado atento às questões sociais, propondo a isenção da tarifa de estacionamento para idosos, visando garantir mais acessibilidade e dignidade para essa parcela da população.
Centro Oeste Popular — Há uma tese em relação à federação dos partidos, onde pode haver alguns problemas, devido à quantidade de vagas para a eleição de deputados. Isso porque cada partido federado só vai poder lançar sete candidatos a deputados estaduais e dez a federais. Isso aí não complica um pouco essa articulação do ano 2026?
Júlio Campos — A legislação federal diz o seguinte: que cada partido do Brasil pode lançar o número de vagas mais uma cadeira. No caso do União Brasil, podíamos lançar hoje 25 e na próxima, 28 candidatos. Nós também só poderemos lançar 27 vagas, 28 candidatos, dos quais tiramos 30% de mulheres. Então, 30% de 28 já vão ser nove vagas. Representaria o quê? Aproximadamente 19 vagas. Realmente, uma federação nacionalmente, como está sendo articulado em Brasília, sem ouvir as bases partidárias, consultar os diretórios regionais, é um pouco complicado. Aqui em Mato Grosso, em termos de relacionamento, não teríamos nenhum problema, porque o deputado e o pessoal do PP, presidido pelo deputado Paulo Araújo e pelo Cidinho Santos, já são aliados da União Brasil ao nível estadual. O republicano, presidido pelo vice-governador Pivetta e pelo doutor Saquete, também já são aliados nossos ao nível estadual. Então, temos dificuldade de acomodar. Para você ter ideia, a União Brasil tem hoje sete candidatos naturais, ou oito, que já são parlamentares. Então, é complicada essa possível federação ao nível de acomodação de deputados estaduais e naturais. Teríamos que acomodar um para o Senado, outro vice. Assim, poderia até ser possível uma composição, mas não é fácil.
Centro Oeste Popular — Essa articulação, ela vem de cima para baixo. O irmão do senhor está ajudando nessa articulação. Como está o relacionamento? Existe uma conversa entre vocês?
Júlio Campos — Olha, o senador Jaime Campos é um homem muito bem relacionado, não só com a direção nacional, da qual ele é vice-presidente nacional do União Brasil, como também tem um bom relacionamento com o nosso presidente Rueda, com os líderes partidários maiores, sendo o Colume, presidente do Senado. Enfim, temos bom relacionamento. Mas o que interessa para nós é que ouçamos as bases partidárias.
O grande mal desses acontecimentos que ocorrem em Brasília é não ouvir aqui o eleitor do partido, os filiados, enfim, a direção estadual.
Centro Oeste Popular — O atual presidente da Casa da ALMT, Max Russi, comentou que nesse momento pode deliberar em ampliar o tempo de sessão, oportunizando mais tempo de fala. Já atenderia suas reivindicações? O mesmo reforçou que cobraria mais atuação das comissões. O senhor pensa que isso é a resposta ou precisa ter mais um dia de sessão?
Júlio Campos — Olha, tivemos uma reunião da mesa diretora e lancei realmente a tese de que voltássemos a ter às três reuniões semanais que prevê o regimento interno. Que não há mais Covid-19 e não há por que ficar com poucas sessões. E já que há uma modernização da participação do parlamentar via online, não há problema, pois, o deputado pode estar no interior e participar como muitos participam da sessão de quarta-feira. Mas houve certa reação de alguns colegas da mesa diretora, que acham o contrário, que não deveria, que é difícil conseguir coro. E aí, pelo menos provisoriamente, foi acordado que, a partir de agora, dos próximos dias, vamos antecipar a sessão das 10h para as 9h e ficar duas horas disponíveis para discursos, sendo das 09h às 11h. Por outra situação, em vez de começar às 15h e terminar às 17h, fosse até às 18 horas. É uma forma que pode agradar aos parlamentares, porque tem alguns de fora que precisam se deslocar até a capital. Mas acredito que vamos trabalhar devagarzinho. Com um jeitinho, nós da Baixada Cuiabana, que não temos tanta necessidade de estar indo ao interior e que somos uma grande parte dos deputados, possamos conseguir, pelo menos, uma sessão especial, além da quarta-feira.
Centro Oeste Popular — Deputado, a criação de uma sessão para esses debates e discursos não corre o risco de se tornar uma sessão midiática?
Júlio Campos — Não, porque temos tese que tem que ser discutida. Por exemplo: o deputado José Lacerda, ex-parlamentar, me procurou, pois, deseja fazer um amplo debate sobre a política mineral de Mato Grosso, o potencial. Em tese, a mineração pode ser mais forte economicamente do que o agronegócio. Como vamos discutir uma nova política mineral no Mato Grosso com três minutos, cinco minutos para fazer um pronunciamento? Então, vejo que temos que ter mais sessões e, realmente, o deputado Max Russi tem razão em falar que as comissões precisam ser mais atuantes.
Centro Oeste Popular — Recentemente, o senhor propôs a isenção da tarifa de estacionamento para idosos. De que forma irá funcionar?
Júlio Campos — O idoso já ganha tão pouco e as aposentadorias brasileiras são ruins e pequenas. Vejo que pouco idosos que vão à rua, que têm direito de estacionar em algum lugar. Então, por que não isentá-los? Propus também, agora, em relação à crise do BRT, para que o governo de Mato Grosso, desse uma atenção maior para a Avenida do CPA, em Cuiabá. O intuito é que fornecesse um aluguel social para os comerciantes. Porque não adianta falar que vai isentar ICMS, sendo que não estão vendendo nada. O maior problema dos comerciantes é que os prédios, 80%, não são do proprietário, é alugado e de outras empresas. E a maior dificuldade deles é que todo dia, 30, precisam pagar o aluguel e as vendas estão muito baixas.
Centro Oeste Popular — Deputado, com as graves denúncias sobre a falta de água em Várzea Grande e a abertura de um inquérito para investigar os boletins de ocorrência relacionados a um possível boicote, como o senhor vê todo esse cenário?
Júlio Campos — Com tristeza, porque nunca havia a ser boicote. Confesso que não tenho tido o dia a dia da política várzea-grandense, me afastei um pouco esses dias, mas as informações que tenho, partilho de pessoas e infelizmente, como assumiu a nova diretoria do DAE, as pessoas não conhecem a realidade de Várzea-Grande. Nessa troca de gestão, houve uma demissão sumária de funcionários, de guardas. As estações de tratamento de água ficaram sem guarda nesse período. E sabemos que todo prédio público que fica sem guarda acaba sendo assaltado. Até porque vemos que a ladroagem está muito grande no Brasil todo, em especial aqui em Mato Grosso. O que precisa é haver um apaziguamento em toda parte. Pode demitir funcionários, mas com critérios, desde que não veja prejudicar o andamento. Espero que a prefeita Flávia concentre mais junto ao seu vice-prefeito, Tião, no sentido de resolver os problemas mais graves da cidade.
Centro Oeste Popular — Com relação à custa de ajuda para os aluguéis, já se tornou um projeto de lei? Como está essa tramitação?
Júlio Campos — Estamos discutindo aqui para ver se iremos dar continuidade neste projeto. Até porque sabemos que não adianta apenas fazer, pois, tudo que implica despesas ou, exceção, tem que vir do executivo.