30 de Janeiro de 2025

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ENTREVISTA DA SEMANA Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2025, 08:00 - A | A

Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2025, 08h:00 - A | A

LÚDIO

Lúdio reforça que não irá atacar a gestão do atual prefeito Abílio Brunini e que Cuiabá possui diversos problemas além dos moradores de rua

“A situação precisa ser analisada com calma e ver uma solução para todos, sem que prejudique aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade”.

Ana Carolina | Redação

Lúdio Cabral (PT), médico sanitarista, foi eleito deputado estadual em 2018 com 22.701 votos e reeleito em 2022 com 47.533 votos, sendo o mais votado em Cuiabá. Na Assembleia Legislativa, defende os direitos dos trabalhadores e fiscaliza o governo estadual para garantir acesso a serviços públicos de qualidade.Sua trajetória política começou no movimento estudantil, passando pelo Sindicato dos Médicos (Sindimed), e ele teve dois mandatos como vereador em Cuiabá, entre 2005 e 2012, quando se destacou na defesa dos direitos da população e na fiscalização do poder público. Em 2012, chegou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de Cuiabá, com 140.798 votos, e em 2014 concorreu ao governo de Mato Grosso, recebendo 472.507 votos.Natural de Rio Verde (GO), Lúdio nasceu em 15 de março de 1971, formou-se em Medicina pela UFMT e se especializou em Medicina Preventiva e Social na USP. Com 26 anos de experiência na saúde pública, ele atua como servidor público no SUS, atendendo nas comunidades e postos de saúde em Cuiabá.

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Centro Oeste Popular — Deputado, sabemos da urgência sobre a situação do RGA e o quanto pode prejudicar os servidores do estado de Mato Grosso. Diante disso, existe a possibilidade de ser discutido ou votado aqui na Assembleia Legislativa de Mato Grosso?

Lúdio Cabral — Por conta da urgência, prazo e dificuldade de correlação de forças, colocamos em pauta para votação na última sessão a RGA de 4,83%, referente ao IPCA de 2004, retroativa ao dia 1º de janeiro de 2025. E assumimos o compromisso de abrir uma agenda de debates.

Centro Oeste Popular — Com essa situação, poderia compor a mesa técnica e a assembleia com os seguidores para que possamos levantar de forma objetiva as RGAs não pagas em anos anteriores, que acumulam uma perda entre 15% e 20%, com o objetivo de definir um índice correspondente a essas perdas?

Lúdio Cabral — Primeiro, compõem a mesa técnica e a assembleia com os seguidores para que a gente possa levantar de forma objetiva as RGAs que não foram pagas em anos anteriores, que acumulam uma perda entre 15% e 20%, para definir um índice objetivo correspondente a essas perdas. Segundo, elaborar uma PEC para que a gente tenha na Constituição do Estado uma data base definida, um índice de referência para a inflação e um percentual de recomposição das perdas acumuladas a cada ano, vinculado ao aumento da receita do Estado. Terceiro, reabrir o debate sobre o confisco dos aposentados e pensionistas, que perderam com a cobrança de 14% sobre aqueles que recebem até o teto do INSS. Essa recomposição parcial deveria acontecer todos os anos, mas não ocorreu, e vamos retomar isso.

Centro Oeste Popular — A verdade é que esse recurso seria uma forma de pressionar o governo eleitoral? Esse consenso entre os sindicalistas, na verdade, teria como objetivo conseguir uma moeda de troca mais forte na mesa no ano que vem?

Lúdio Cabral — Na verdade, é uma reivindicação histórica, uma luta permanente de todos os sindicatos e de todos os servidores. Este ano não é ano eleitoral ainda, e é uma oportunidade para que a gente possa fazer esse debate sem o contágio eleitoral. Agora, é lógico que há uma força nos servidores, porque são mais de 100 mil famílias em todo o Estado, que podem ajudar a pressionar o atual governador devido à proximidade das eleições.

Centro Oeste Popular — O senhor, como deputado de Cuiabá, com base eleitoral e domicílio na cidade, como vê a medida do prefeito Abílio em relação à proibição da distribuição de marmitas para a população em situação de rua? Como o senhor avalia essa ação?

Lúdio Cabral — É muito ruim e negativa. O que o prefeito deveria ter proposto eram condições para o acolhimento das pessoas em situação de rua por meio de ações na saúde, na assistência social, inclusive no campo da segurança alimentar. A pura e simples proibição da atuação das entidades da sociedade civil que trabalham com as pessoas em situação de rua hoje é muito negativa, em minha opinião, e espero que ele consiga perceber esse equívoco e corrija a posição dele.

Centro Oeste Popular — Essa política vai contra as diretrizes federais para atendimento à população em situação de rua, não é? O prefeito, inclusive, afirmou que a população deveria pagar para os moradores de rua irem embora de Cuiabá. O que o senhor pensa sobre essa postura?

Lúdio Cabral — Cuiabá tem muitos problemas, problemas estruturais, problemas crônicos que precisam ser resolvidos. O principal problema é a saúde. Outro problema seríssimo são as condições de infraestrutura da cidade. Vimos agora esse período de chuvas, uma situação grave, vivenciada por uma parcela da população. Então, avalio que o governo precisa se concentrar nessa pauta para iniciar o processo de reversão disso. Torço para que isso seja o centro das atenções do atual prefeito de Cuiabá. Como deputado, vou monitorar isso. Essas medidas anunciadas podem ser classificadas como higienismo e aporofobia.

Centro Oeste Popular — Como o senhor vê essas primeiras medidas da nova gestão municipal, especialmente em relação a essa questão da população em situação de rua e outras ações que têm sido implementadas até agora?

Lúdio Cabral — O atual prefeito está no primeiro mês do mandato. Prefiro ainda não fazer uma avaliação sobre as ações que ele está implementando. Essa questão da aporofobia está sendo tratada por entidades da sociedade civil e por outras instituições que têm a responsabilidade de exercer o controle público, porque é um tema que não pode ser eleitoralizado em função da proximidade das eleições que aconteceram agora recentemente. Então, as instituições que têm o dever de fazer esse enfrentamento estão fazendo, e vou aguardar um período para, depois de 100 dias ou 6 meses, manifestar-me sobre as ações do atual governo.

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