Jeferson Siqueira nasceu e foi criado em Cuiabá. Conhecido por suas ações comunitárias, Siqueira sempre manteve uma relação próxima com os moradores dos bairros da cidade. Jeferson é Professor, Pastor, casado e pai de dois filhos.
Recentemente Jeferson se viu incluído em um escândalo provocado pelo prefeito eleito, Abílio Brunini, onde sugeria que alguns políticos mantinham ligação com membros de facção criminosa em Mato Grosso. Segundo Abílio esse apoio seria a partir da doação de verba para a compra de votos para a eleição da mesa diretora. Jeferson nega que ele ou qualquer outro membro tenha recebido tal verba e afirma que essa manobra não passa de uma “campanha de difamação” promovida por adversários.
Apesar das negativas, a situação coloca em xeque a credibilidade de parlamentares e a repercussão trouxe desgaste à carreira do político que agora aciona o STF para que sejam esclarecidas e comprovadas todas as acusações.
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Centro Oeste Popular — O senhor disse que iria interpelar o prefeito eleito Abílio pelas denúncias feitas. O senhor já iniciou o processo na justiça ou ainda não?
Jeferson Siqueira — É com muita responsabilidade que venho, como qualquer outro cidadão de bem, usando as ferramentas judiciais, porque o que vimos nesses últimos dias foi um ataque antidemocrático à casa de leis. Sinto-me no dever defender o parlamento cuiabano, dessa interferência que está acontecendo, dessas informações buscando desqualificar, essas acusações, essas afirmações, insinuações feitas pelo prefeito Abílio, querendo desqualificar o parlamento cuiabano. E da maneira como entendo que devo respeitar o prefeito Abílio é exatamente não soltando palavras ao vento, não fazendo acusações contra ele, mas usando os artifícios da lei. Por isso está aqui, interpelei o prefeito Abílio no TRF4, no STF, que é o fórum onde ele responde. Não tenho dúvida que ele vai ter todo o direito de responder aquilo que ele afirmou, as acusações que ele fez.
Centro Oeste Popular — As acusações feitas, de alguma forma tem prejudicado sua vida pessoal?
Jeferson Siqueira — Só eu, Deus e a minha família sabemos o que estamos passando. Toda uma história construída com trabalho, com suor, com dedicação. Meu filho mais velho, Joaquim, de cinco anos, perguntou “papai, e essa foto aqui?”, “Papai, e essa outra foto aqui?”. Sabe qual era? As fotos da internet, e tô ali tentando, de uma certa forma, minimizar o constrangimento que você já causou tentando fazer algum tipo de analogia ou rotular, simplesmente porque, como eu já disse, sou um homem que veio da favela, que veio da periferia, que veio do periférico para o central. Mas cheguei aqui com honestidade, com trabalho, sem precisar enganar e trapacear ninguém. E principalmente, fazer comentários ou acusações que vêm desqualificar os colegas para que, de alguma forma, eu fique em evidência na mídia. Prova é essa, que eu não faço acusações contra o Abílio, mas quero usar aqui um fato recente. Tão preocupado com a moção de aplausos que o vereador Jeferson fez, tão preocupado em querer insinuar, rotular, como se eu fosse alguém ligado a uma facção criminosa, dizendo que não aceita o vereador Jeferson como presidente da casa. Isso não é interferência? Dizer que não vai conversar, caso o vereador Jeferson assuma a presidência. Que democracia é essa que o Abílio está pregando? Qual a democracia que ele está defendendo agora? Dizer na imprensa que não vai conversar com a Câmara, caso seja eleito presidente desta casa? Abílio, o contrário é você. Se eleito presidente, quero conversar com você. Quero tomar um café com você. Ao invés de ficar aí soltando palavras ao vento, escolha melhor o seu secretariado. Veja o que você fez ontem. Você nomeou alguém condenado. Alguém que furtou a energia. Quem furta energia, furta qualquer outra coisa. Mas eu não estou aqui para discriminar.
Centro Oeste Popular — O senhor acredita que essa postura acusatória do Prefeito eleito pode dificultar a gestão da cidade?
Jeferson Siqueira — Abílio precisa estudar um pouquinho melhor sobre qual é o papel dele. Você não é mais vereador, Abílio. Você agora é o chefe do executivo da capital do agronegócio. Pense em Cuiabá, que precisa de recursos, não pense em você agora. Precisa de parceria do governo federal, que para construir casa vai precisar de recursos do governo federal, pra gente construir uma Cuiabá melhor tem que ter parceria.
Centro Oeste Popular — Sobre o processo de interpelação, o que o senhor pede neste processo?
Jeferson Siqueira — O prazo está aqui no processo, peço para que ele possa citar os nomes. Para que ele possa falar quem estava sendo beneficiado. Para que ele possa comprovar que o senador Carlos Fávaro interferiu de que maneira e como. Que o Botelho interferiu de que maneira e como. Caso ele não comprove isso, aí vai virar um processo criminal. E aí, já quero deixar ciente, senhores, eu não quero nada do Abílio. Eu só quero que ele pense melhor no que ele fala.
Centro Oeste Popular — Mesmo após todas essas questões, o senhor continua candidato à presidência da mesa?
Jeferson Siqueira — Claro que continuo. Todos os colegas que me apoiam, continuam me apoiando. Não vou falar números aqui, mas a gente está em uma crescente muito grande. Só quero dizer o seguinte. Continuo candidato à presidência desta casa porque o gesto mais emblemático de combater as fake news, é você mantendo a sua postura, mantendo o seu projeto. Abílio, você não vai parar o meu projeto. Suas mentiras, as suas fake news, elas não vão destruir ou desqualificar o Jeferson.
Centro Oeste Popular — Na sua interpelação cita o ministro e também o presidente da casa, não caberia aos dois fazer isso? Porque o senhor está tomando a frente?
Jeferson Siqueira — Primeiro, ele cita que o senador Carlos Fávaro, que é o presidente do partido, que sou o vereador, interferiu. Sou do partido PSD, sou soldado do partido, sou líder do PSD aqui na Câmara, jamais vou deixar alguém vir acusar ou dizer uma inverdade e ficar quieto. Isso não é excesso. Excesso é alguém vir aqui desqualificar você, falar que você é envolvido com um crime organizado, e não é verdade. Isso aí é excesso. O ministro Carlos Fávaro, primeiro, não participou de nada. Segundo, eu como presidente do PSD municipal, tenho autonomia para defender o partido, defender quem está no partido. Então não tem problema nenhum em relação a isso. Acredito que, de verdade, quando arrolo aqui a questão do ministro, é para dar mais clareza e também dar um peso maior para o Abílio parar de falar simplesmente o que ele quer. Pondera a sua língua, fala somente a verdade. Você vai ganhar muito mais e vai tentar, pelo menos, manter esse discurso que você vem trazendo aí e que a gente agora está vendo que está totalmente diferente das suas atitudes.
Centro Oeste Popular — Vereador, o senhor e outros vereadores já estão demonstrando desconforto com essas oposições. E se caso o prefeito eleito não provar essas acusações de vereadores ligados à facção criminosa, como é que vai ficar a relação da Casa quando o Abílio assumir a Prefeitura de Cuiabá?
Jeferson Siqueira — Espero no mínimo que ele reconheça o erro. Agora, falas inconsequentes, elas também terão as suas consequências. Juridicamente falando, ele vai responder, vai virar um processo criminal, aí danos morais, calúnia, difamação, ele vai responder num cenário jurídico. Penso que um pedido de desculpas nessa casa minimiza alguma coisa, até porque ele vai precisar dialogar com todos nós. Independente de ser presidente ou não, ele tem que respeitar os vereadores aqui eleitos.
